Investigadores das universidades de Konstanz e Viena anunciaram uma descoberta revolucionária no combate à resistência bacteriana: um novo antibiótico capaz de eliminar eficazmente a bactéria Neisseria gonorrhoeae, incluindo variantes multirresistentes. Esta bactéria, responsável pela gonorreia, está entre os patógenos classificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como de prioridade crítica devido à sua capacidade de adquirir genes de resistência a antibióticos.
O estudo publicado na Nature Microbiology revela que o novo composto pertence ao grupo das quinolonas alquiladas (AQs), substâncias naturais produzidas por algumas bactérias para se protegerem contra outras. Os cientistas recriaram e modificaram estas moléculas em laboratório, obtendo uma variante que ativa um mecanismo de “suicídio” específico da Neisseria gonorrhoeae. Este processo envolve a degradação do antitóxico da bactéria, libertando o tóxico que provoca a sua morte.
A eficácia do antibiótico foi comprovada em modelos pré-clínicos com animais, demonstrando não só a sua capacidade de eliminar as variantes multirresistentes da bactéria como também a sua segurança para células humanas e outros microrganismos benéficos. Além disso, o composto não induziu resistência nos testes realizados, representando uma nova abordagem promissora contra infeções bacterianas resistentes.
Os investigadores destacam que este mecanismo baseado em sistemas tóxico-antitóxico pode ser adaptado para combater outros patógenos prioritários identificados pela OMS. A descoberta abre portas para novas estratégias no desenvolvimento de antibióticos, num momento crítico em que a resistência bacteriana ameaça os avanços da medicina moderna.
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