Myanmar: sismo intensifica crise humanitária

9 de Abril 2025

Em Myanmar, o sismo de 7,7 de março agravou uma crise já severa. Com mais de 3.500 mortos e 5.000 feridos, milhões enfrentam vulnerabilidade extrema. O ACNUR mobiliza ajuda para sobreviventes em Mandalay e Nay Pyi Taw, mas as necessidades urgentes excedem a capacidade de resposta.

Myanmar enfrenta uma crise humanitária sem precedentes, agravada pelo sismo de magnitude 7,7 que atingiu a região central do país no dia 28 de março. O terramoto já causou a morte de mais de 3.500 pessoas, deixou mais de 5.000 feridos e centenas desaparecidas, além de provocar destruição em larga escala nas infraestruturas das regiões mais afetadas, como Mandalay e Nay Pyi Taw. Estima-se que cerca de 15 milhões de habitantes tenham sido diretamente impactados, incluindo 1,6 milhões de deslocados internos que já viviam em condições extremas devido a quatro anos de conflito armado e mobilidade forçada.

A destruição causada pelo sismo incluiu o colapso de edifícios, danos em estradas e pontes, cortes de energia e perturbações nas comunicações e na Internet. Unidades de saúde estão sobrecarregadas e operam com capacidade limitada, enquanto quatro hospitais e um centro de saúde foram completamente destruídos. As dificuldades na prestação de assistência humanitária são agravadas pela falta de recursos e pela vulnerabilidade das comunidades afetadas.

Entre os sobreviventes encontram-se milhões de deslocados internos e apátridas da minoria Rohingya, que já enfrentavam condições precárias antes do desastre. Esta minoria muçulmana tem sido alvo de perseguição sistemática e vive há décadas sem reconhecimento legal como cidadãos do país. Desde o golpe militar em fevereiro de 2021, o conflito armado intensificou-se, levando ao deslocamento forçado de 3,6 milhões de pessoas. Até ao final de 2026, estima-se que este número possa chegar a 6 milhões.

O ACNUR reforçou a sua resposta de emergência para apoiar cerca de 25 mil sobreviventes nas áreas mais afetadas. Foram distribuídas tendas, lonas, redes mosquiteiras, colchões e kits de cozinha a cerca de 3 mil famílias em Mandalay nos últimos dias. Contudo, as necessidades urgentes incluem abrigo adequado, água potável, saneamento básico, alimentos e cuidados médicos essenciais. Além disso, é necessário monitorizar os riscos relacionados com engenhos explosivos remanescentes dos conflitos armados, proteger crianças separadas das suas famílias e prevenir a violência de género em contexto de emergência.

A falta de financiamento agrava ainda mais esta crise humanitária. Em 2024, o subfinanciamento limitou significativamente a capacidade dos parceiros humanitários para prestar assistência vital. Em 2025, apenas 5% dos fundos necessários foram arrecadados até ao momento. Com as necessidades agora severamente ampliadas pelo impacto do sismo, é urgente uma mobilização rápida e generosa para evitar mais perdas humanas e ajudar as comunidades afetadas a iniciar o processo de recuperação.

NR/HN/MM

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights