Novas Diretrizes do ACC Simplificam Avaliação e Tratamento do Choque Cardiogénico

11 de Abril 2025

O American College of Cardiology publicou a primeira Orientação Clínica Concisa para o choque cardiogénico, com recomendações detalhadas para avaliação, gestão e tratamento, visando melhorar os resultados clínicos e reduzir a mortalidade hospitalar.

O American College of Cardiology (ACC) divulgou, no dia 13 de março de 2025, a sua primeira Orientação Clínica Concisa (CCG, na sigla em inglês) dedicada à avaliação e gestão do choque cardiogénico (CS), uma condição crítica com elevada taxa de mortalidade hospitalar, que varia entre 30% a 50%. Este documento, sob embargo até 17 de março de 2025, visa simplificar e otimizar os processos clínicos, fornecendo orientações práticas para os profissionais de saúde.

O choque cardiogénico ocorre quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para os órgãos vitais, resultando em hipotensão e falência multiorgânica. A nova CCG enfatiza a importância da deteção precoce desta condição, introduzindo um novo mnemónico, SUSPECT CS, que combina marcadores laboratoriais com avaliação clínica de congestão (como edema pulmonar, distensão venosa jugular e edema periférico) e hipoperfusão. Entre os exames recomendados estão hemograma completo, painel metabólico, biomarcadores cardíacos (troponina e peptídeos natriuréticos), ácido láctico e gasometria arterial ou venosa.

A orientação também destaca a necessidade de monitorização hemodinâmica invasiva através de cateterismo da artéria pulmonar, tanto para diagnóstico como para gestão do CS. Além disso, fornece recomendações detalhadas sobre o tratamento médico, com foco na manutenção da perfusão tecidual para preservar a função dos órgãos. Quando as intervenções farmacológicas não são suficientes, o documento sugere a utilização de suporte circulatório mecânico temporário.

Pela primeira vez, a CCG inclui um roteiro de uma hora e 24 horas para a avaliação e gestão do CS, além de orientações sobre terapias farmacológicas, suporte circulatório mecânico, monitorização contínua e decisões sobre candidatura a terapias avançadas, recuperação cardíaca ou transferência para centros especializados em insuficiência cardíaca. A colaboração interdisciplinar é destacada como um elemento crucial para o sucesso no tratamento destes doentes.

Shashank S. Sinha, médico e presidente do comité de redação da CCG, sublinhou a importância de parcerias entre centros comunitários e unidades especializadas. “Centros com recursos limitados devem identificar um clínico local como ‘campeão do choque’ e estabelecer parcerias com centros de terapias avançadas para casos complexos”, afirmou.

A CCG será publicada no Journal of the American College of Cardiology (JACC) e será formalmente apresentada na sessão anual do ACC, que decorrerá de 29 a 31 de março em Chicago. Este documento marca o início de um novo formato de política clínica do ACC, destinado a apoiar os profissionais na linha da frente dos cuidados cardiovasculares.

O ACC, líder global na transformação dos cuidados cardiovasculares, continua a reforçar o seu compromisso com a melhoria da saúde cardíaca através de educação médica, formação de políticas de saúde e publicações científicas de referência.

https://www.jacc.org/doi/10.1016/j.jacc.2025.02.018

NR/HN/Alphagalileo

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