A redução significativa da assistência externa está a comprometer os esforços para conter o mpox em África, particularmente em regiões críticas como a República Democrática do Congo (RDC). Segundo o Africa CDC, apenas 25% dos casos suspeitos estão a ser testados, deixando milhares sem diagnóstico e tratamento atempados. Desde o início de 2024, foram reportados 114.156 casos suspeitos, dos quais 26.409 confirmados e 1.696 mortes. RDC, Burundi e Uganda concentram 95% dos casos confirmados.
A situação agravou-se com a redução de 70% na assistência oficial ao desenvolvimento para África, que caiu de 81 mil milhões para 25 mil milhões de dólares desde o início da administração Trump. Este declínio afeta diretamente a capacidade de recolha e transporte de amostras em zonas afetadas por conflitos e instabilidade.
Especialistas em saúde pública sublinham que a falta de vigilância epidemiológica eficaz está a permitir que muitos casos passem despercebidos, aumentando o risco de transmissão transfronteiriça. Já este ano, França e Emirados Árabes Unidos registaram casos importados relacionados com viagens à África Oriental e Central.
A propagação do vírus é agravada por variantes mais agressivas que estão a emergir devido a mutações genéticas adaptativas. Estas alterações podem estar a facilitar a transmissão sustentada entre humanos, segundo cientistas da Universidade de Surrey.
Para mitigar o impacto da crise, especialistas defendem estratégias nacionais mais robustas e independentes da ajuda externa. Isto inclui políticas focadas em populações de alto risco e maior mobilização de recursos domésticos para vigilância epidemiológica e financiamento sustentável da saúde pública.
NR/HN/ALphagalileo
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