Poluição atmosférica e luminosa associadas a maior incidência de cancro da tiroide pediátrico

19 de Abril 2025

Estudo liderado pela Universidade de Yale revela que a exposição precoce a partículas finas no ar e à luz artificial exterior aumenta significativamente o risco de cancro da tiroide em crianças e adolescentes até aos 19 anos

Um novo estudo internacional, liderado por investigadores da Universidade de Yale, aponta para uma ligação significativa entre a exposição precoce a dois poluentes ambientais comuns — partículas finas no ar (PM2.5) e luz artificial exterior durante a noite (O-ALAN) — e o aumento do risco de cancro da tiroide em crianças e jovens até aos 19 anos. A investigação, publicada na revista Environmental Health Perspectives, analisou dados de 736 casos de cancro papilar da tiroide diagnosticados antes dos 20 anos e de 36.800 controlos, todos nascidos na Califórnia entre 1982 e 2011.

Os investigadores recorreram a modelos geoespaciais e satélite para estimar, com base na morada de nascimento, a exposição individual a PM2.5 e luz artificial noturna durante o período perinatal — desde a gravidez até ao primeiro ano de vida. Os resultados mostram que, por cada aumento de 10 microgramas por metro cúbico de PM2.5, a probabilidade de desenvolver cancro da tiroide aumentou 7%. O risco foi especialmente elevado entre adolescentes (15-19 anos) e crianças hispânicas, que apresentaram um aumento de risco de 13%.

Relativamente à poluição luminosa, as crianças nascidas em áreas com maior exposição à luz artificial exterior apresentaram um risco 23 a 25% superior de desenvolver cancro da tiroide, comparativamente às que nasceram em zonas menos expostas. A associação foi mais marcada nos adolescentes, não tendo sido observada diferença significativa entre grupos étnicos, à exceção dos hispânicos.

A investigação destaca que tanto as partículas PM2.5 como a luz artificial noturna são considerados carcinogéneos ambientais, com capacidade de perturbar o sistema endócrino e a função tiroideia. As partículas finas, provenientes sobretudo do tráfego e da indústria, são suficientemente pequenas para entrar na corrente sanguínea e interferir com a sinalização hormonal. Por sua vez, a luz artificial à noite pode suprimir a produção de melatonina e alterar os ritmos circadianos, influenciando vias hormonais associadas ao desenvolvimento de cancro.

O estudo sublinha ainda preocupações de justiça ambiental, já que comunidades de cor e populações de baixos rendimentos estão mais expostas a estes poluentes, o que pode contribuir para a maior incidência de cancro da tiroide observada em crianças hispânicas. Os autores defendem a necessidade de políticas que reduzam a exposição à poluição atmosférica e luminosa, bem como mais investigação para aprofundar estes resultados e proteger a saúde das crianças.

NR/HN/ALphagalileo

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Concurso de 5,88 ME para requalificar antigo hospital da Lousã

A Fundação ADFP, de Miranda do Corvo, abriu concurso público internacional para a reabilitação do antigo Hospital de São João, na Lousã, que vai permitir criar 100 camas para residência de idosos e cuidados continuados de convalescença.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights