Um novo estudo da Universidade de Viena e da EPFL Lausanne alerta para níveis preocupantes de poluição do ar em ginásios de escalada interior, provocados pelo desgaste das solas dos sapatos de escalada. A investigação, publicada na revista Environmental Science and Technology Air, identificou concentrações de aditivos de borracha no ar de salas de boulder que, em alguns casos, ultrapassam as registadas em ruas com tráfego intenso. Estes compostos, semelhantes aos utilizados em pneus de automóveis, são incorporados nos sapatos para aumentar a durabilidade e aderência, mas incluem substâncias potencialmente nocivas para a saúde humana e o ambiente.
A equipa recolheu amostras de ar e pó em cinco ginásios de Viena, bem como em espaços de França, Espanha e Suíça, utilizando um impinger – aparelho que simula a respiração humana – para medir a quantidade de partículas inaláveis. Foram ainda analisadas 30 marcas diferentes de sapatos de escalada, tendo sido detetados 15 aditivos de borracha, entre eles o 6PPD, um estabilizador associado a efeitos tóxicos em organismos aquáticos. As partículas libertadas pelo atrito das solas acumulam-se nas presas de escalada e são facilmente re-suspensas no ar, sendo inaladas por atletas e funcionários.
Os resultados mostram que a exposição diária a estes compostos em ginásios de escalada pode ser superior à de qualquer outro contexto conhecido, incluindo ambientes industriais ou margens de autoestradas em grandes cidades. A concentração destes aditivos era especialmente elevada em horários de maior afluência e em espaços pouco ventilados. Embora os efeitos exatos na saúde humana ainda não estejam totalmente esclarecidos, alguns destes compostos já demonstraram toxicidade em estudos com animais e estão associados a riscos para grupos sensíveis, como crianças.
Os responsáveis pelo estudo defendem medidas preventivas, como a melhoria da ventilação, limpeza frequente, limitação de horários de pico e, sobretudo, o desenvolvimento de sapatos de escalada com menos aditivos prejudiciais. Os operadores dos ginásios mostraram-se colaborantes e interessados em adotar soluções para garantir um ambiente mais seguro para praticantes e trabalhadores. O estudo sublinha ainda a necessidade de sensibilizar fabricantes para a composição dos materiais usados e de aprofundar a investigação sobre os impactos destes poluentes na saúde humana.
NR/HN/ALphagalileo
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