Em Portugal, a asma afeta aproximadamente 600 mil adultos, o que representa cerca de 7% da população. No entanto, um novo estudo revela que sete em cada dez destes doentes não têm a doença controlada, um dado preocupante que coloca em evidência os desafios persistentes na gestão da asma a nível nacional. A baixa adesão à terapêutica, associada frequentemente a uma utilização incorreta dos inaladores, é apontada como um dos principais obstáculos ao controlo eficaz da doença.
A asma é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas, caracterizada por sintomas como pieira, tosse, falta de ar e opressão torácica, que variam em intensidade e frequência. O controlo insuficiente destes sintomas está ligado a um maior risco de agudizações, hospitalizações e, em casos extremos, morte. Apesar da existência de tratamentos eficazes, cerca de metade dos doentes não utiliza corretamente o inalador, comprometendo a eficácia do tratamento e agravando o risco de complicações.
A literacia em saúde respiratória mantém-se baixa em Portugal, com muitos pacientes a recorrerem à medicação apenas durante as crises, em vez de seguirem um plano terapêutico regular. Esta abordagem resulta num ciclo de sintomas mal controlados e limitações na vida diária, incluindo restrições à prática de exercício físico e ao desempenho escolar ou profissional.
O Dia Mundial da Asma, celebrado anualmente na primeira terça-feira de maio, destaca este ano o tema “Tornar os tratamentos por inalação acessíveis a TODOS”, escolhido pela Iniciativa Global para a Asma (GINA) da Organização Mundial da Saúde. O objetivo é sensibilizar para a necessidade de garantir o acesso universal aos medicamentos inalados, fundamentais para o controlo da doença e prevenção de crises graves.
Em Portugal, o Programa Nacional de Controlo da Asma, promovido pelo Ministério da Saúde, tem contribuído para uma redução significativa da mortalidade por asma na última década, através da melhoria do acesso ao diagnóstico, acompanhamento regular e educação dos doentes. No entanto, os dados mais recentes mostram que persistem desigualdades, sobretudo nas áreas urbanas mais poluídas e nas regiões com menor acesso a cuidados de saúde primários.
A aposta numa abordagem personalizada, centrada no doente e com acompanhamento próximo dos profissionais de saúde, é apontada como essencial para melhorar a adesão ao tratamento e alcançar um melhor controlo da asma. Iniciativas de sensibilização, como caminhadas e ações educativas promovidas por associações e grupos de profissionais, procuram ainda desmistificar mitos e promover a literacia em saúde respiratória, reforçando a importância do diagnóstico precoce e da prevenção das complicações associadas à doença.
O Plano Nacional de Saúde 2030 destaca a asma como uma prioridade na abordagem das doenças respiratórias, sublinhando a necessidade de reforçar o acesso aos tratamentos e a educação dos doentes, para reduzir a carga da doença na sociedade portuguesa.
PR/HN/MM
0 Comments