Cidades resilientes exigem natureza: estudo internacional aponta caminhos

1 de Maio 2025

Especialistas de 11 países, liderados pela Universidade de Surrey, alertam que integrar natureza nas cidades é vital para saúde, equidade e resiliência climática, defendendo políticas e planeamento urbano que priorizem soluções baseadas na natureza.

Uma equipa internacional de especialistas, coordenada pelo Global Centre for Clean Air Research (GCARE) da Universidade de Surrey, apela à integração sistemática da natureza na infraestrutura urbana, defendendo que árvores, parques, zonas húmidas e coberturas verdes devem ser encarados como elementos essenciais e não meramente decorativos. O estudo, desenvolvido no âmbito da rede RECLAIM Network Plus e envolvendo peritos de 11 países, demonstra que o “urban greening” – a aposta em soluções baseadas na natureza – traz benefícios evidentes: ar e água mais limpos, ruas mais frescas, maior biodiversidade e melhorias significativas na saúde mental e física das populações.

O relatório, publicado na revista Frontiers in Sustainable Cities, apresenta exemplos práticos de cidades que já estão a transformar o seu tecido urbano com sucesso. Em Singapura, o programa “Cidade na Natureza” recorre a corredores verdes e jardins verticais para reduzir o calor e apoiar a biodiversidade. Cardiff plantou mais de 80 mil árvores no âmbito da sua estratégia One Planet, enquanto Copenhaga implementou telhados verdes e bairros resilientes para gerir riscos de cheias e aumentar a qualidade de vida.

Os autores sublinham a necessidade de envolver as comunidades e garantir acesso equitativo aos espaços verdes, alertando para o risco de “gentrificação verde”, fenómeno em que melhorias ambientais podem levar à exclusão das populações mais vulneráveis devido ao aumento dos preços das habitações25. Para evitar este cenário, defendem políticas inclusivas, metas claras para áreas verdes, incentivos a promotores imobiliários e financiamento de longo prazo, articulando saúde, habitação e clima.

A investigação destaca ainda o papel crescente da tecnologia, como a inteligência artificial e sistemas de informação geográfica (GIS), no mapeamento de riscos ambientais e monitorização do impacto das infraestruturas verdes, facilitando decisões baseadas em dados e acelerando o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Os especialistas concluem que, perante o agravamento das alterações climáticas e desigualdades urbanas, a natureza deve ser integrada em todas as fases do planeamento e desenvolvimento das cidades, tornando-se um pilar fundamental para urbes mais saudáveis, resilientes e justas.

NR/HN/Alphagalileo

Bibliografia: Urban greening for climate resilient and sustainable cities: grand challenges and opportunities; Kumar P, Sahani J, Corada Perez K, Ahlawat A, Andrade M,F, Athanassiadou M, Cao S-J, Collins L, Dey S, Di Sabatino S, Halios CH, Harris F, Horton C, Inostroza L, Jones L, Rodding Kjeldsen T, McCallan B, McNabola A, Kumar Mishra R, Kumar Mishra S, Sperandio Nascimento EG, Owen G, Ravindra K, Reis NC, Soebarto V, Wenk J, Sloan Wood H and Yao R; Frontiers in Sustainable Cities; Volume 7 – 30 April 2025; 10.3389/frsc.2025.1595280

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