Um estudo publicado na revista Biological Psychiatry: Cognitive Neuroscience and Neuroimaging revela que indivíduos que recuperaram de episódios depressivos tendem a mostrar menor disposição para se esforçar em busca de recompensas, em comparação com pessoas sem historial de depressão. Esta diferença, porém, desaparece quando as recompensas são substanciais e altamente prováveis, situação em que a motivação destes indivíduos iguala ou até supera a dos participantes saudáveis.
A investigação, liderada por Diego A. Pizzagalli e Manuel Kuhn, envolveu adultos sem medicação, previamente diagnosticados com depressão major, e um grupo de controlo sem historial da doença. Ambos foram convidados a escolher entre tarefas de baixo esforço com pequenas recompensas e tarefas de maior esforço com recompensas potencialmente superiores. O objetivo era perceber como a experiência prévia de depressão influencia a tomada de decisão e a motivação para o esforço, especialmente tendo em conta que a utilização de antidepressivos pode afetar a resposta aos estímulos de recompensa.
Os resultados, analisados com recurso a métodos computacionais avançados, mostraram que os participantes recuperados de depressão optavam mais frequentemente por tarefas menos exigentes, exceto quando confrontados com recompensas de grande valor e elevada probabilidade de sucesso. Nestes casos, a sua motivação aumentava significativamente, sugerindo que a presença de incentivos claros e valiosos pode ser determinante para contrariar a apatia residual que persiste mesmo após a remissão dos sintomas depressivos.
A persistência de défices motivacionais em pessoas recuperadas de depressão é apontada como um dos fatores que contribuem para o risco acrescido de recaída. O estudo destaca, assim, a importância de estratégias de intervenção que apostem em recompensas tangíveis e seguras, potenciando o envolvimento destas pessoas em atividades do quotidiano e promovendo uma recuperação mais sustentada.
Os autores sublinham ainda que estas conclusões podem informar o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais eficazes, focadas na sensibilidade à recompensa e na optimização do esforço, com vista a reduzir a vulnerabilidade à recaída e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos após a depressão.
Referência: “Computational Phenotyping of Effort-Based Decision Making in Unmedicated Adults with Remitted Depression,” by Manuel Kuhn, Emma H. Palermo, Guillaume Pagnier, Jacob, M. Blank, David C. Steinberger, Yinru Long, Genevieve Nowicki, Jessica A. Cooper, Michael T. Treadway, Michael J. Frank, and Diego A. Pizzagalli (https://doi.org/10.1016/j.bpsc.2025.02.006). It appears online in advance of volume 10, issue 6 (June 2025) of Biological Psychiatry: Cognitive Neuroscience and Neuroimaging, published by Elsevier. The article is openly available for 30 days at https://www.biologicalpsychiatrycnni.org/article/S2451-9022(25)00063-1/fulltext.
NR/HN/AlphaGalileo
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