Um novo estudo liderado pela Universidade de Bristol, publicado no Journal of Human Nutrition and Dietetics, indica que as refeições escolares podem ser determinantes para incentivar adolescentes de 13 anos com hábitos alimentares seletivos a diversificarem a sua dieta. A investigação analisou dados de mais de 5.300 jovens do projeto Children of the 90s, acompanhando comportamentos alimentares desde a infância até à adolescência.
Os resultados mostram que, quando estes adolescentes tinham autonomia para escolher o que comer nas cantinas escolares, apresentavam menor resistência a experimentar novos alimentos em comparação com os dias em que levavam lancheiras de casa. Em particular, os jovens considerados “esquisitos” na alimentação eram menos propensos a consumir carnes, peixe, fruta ou saladas nas refeições trazidas de casa, preferindo recheios como manteiga de amendoim, queijo para barrar ou pastas. Contudo, ao optarem pelas refeições fornecidas pela escola, não evitavam carne, peixe ou fruta e faziam escolhas alimentares semelhantes às dos colegas menos seletivos.
A investigação destaca que a seletividade alimentar atinge o pico por volta dos três anos, mas pode persistir até à adolescência em alguns casos. Apesar disso, o contexto escolar, ao oferecer uma oferta variada e equilibrada, pode ajudar estes jovens a explorar novos sabores e a adotar padrões alimentares mais saudáveis, fundamentais para o desenvolvimento e prevenção de doenças a longo prazo.
O estudo também evidencia que, embora os adolescentes seletivos consumam menos fruta e vegetais, a insuficiência deste grupo de alimentos é generalizada entre todos os jovens avaliados, sublinhando a necessidade de estratégias coletivas para melhorar a alimentação escolar. Em Portugal, as orientações nacionais para cantinas e bufetes escolares reforçam a importância de uma oferta alimentar equilibrada e adaptada às necessidades dos alunos, promovendo o consumo de hortofrutícolas e limitando produtos ultraprocessados1112.
Cerca de metade dos adolescentes analisados faziam maioritariamente refeições trazidas de casa, enquanto um quarto optava por refeições escolares e pouco mais de um terço alternava entre ambas as opções. Um em cada quatro admitiu saltar o almoço ocasionalmente. O estudo não encontrou diferenças na frequência de escolha entre refeições escolares e lancheiras entre jovens seletivos e não seletivos.
A equipa de investigação pretende agora analisar, com base nos mesmos dados, como os padrões de seletividade alimentar evoluem até à idade adulta e o seu impacto na saúde a longo prazo.
Referência:
Do children who were preschool picky eaters eat different foods at school lunch when aged 13 years than their non-picky peers?’ by Kemp et al. in the Journal of Human Nutrition and Dietetics [open access]
DOI for the paper is: 10.111/jhn.700763
NR/HN/AlphaGalileo
0 Comments