Jovens profissionais de saúde exigem estabilidade e reconhecimento para travar êxodo do SNS

15 de Maio 2025

Num debate promovido pela Plataforma de Jovens Profissionais de Saúde e o Conselho Nacional de Juventude, jovens alertam para o risco de abandono do SNS sem estabilidade, reconhecimento e condições para cuidar, exigindo mudanças estruturais.

A insatisfação e a preocupação com o futuro do Serviço Nacional de Saúde (SNS) dominaram o Debate da Saúde, realizado esta terça-feira na sede da Associação Nacional das Farmácias, em Lisboa. Organizado pela Plataforma de Jovens Profissionais de Saúde e pelo Conselho Nacional de Juventude, o encontro reuniu representantes de partidos com assento parlamentar para discutir os dados alarmantes apresentados na Convenção Nacional de abril: apenas 10% dos jovens profissionais de saúde sentem ter condições para exercer em Portugal.

No centro das intervenções estiveram três eixos fundamentais: a valorização das condições de trabalho e das carreiras, a modernização da organização do trabalho no SNS e a necessidade de uma resposta pública mais integrada e preventiva, que envolva todas as profissões da saúde1. Entre as propostas debatidas destacaram-se a revisão dos modelos de horários e turnos, com maior previsibilidade e flexibilidade, a promoção do bem-estar psicológico e da saúde mental dos profissionais, a aposta na formação contínua com responsabilidade institucional e a valorização das equipas interprofissionais para uma resposta mais coordenada aos desafios do sistema.

A estabilidade contratual, melhores remunerações e incentivos à fixação em zonas carenciadas foram apontados como medidas essenciais para travar a saída de profissionais qualificados, num contexto em que a escassez de recursos humanos ameaça a sustentabilidade do SNS. Os jovens exigem ainda um equilíbrio entre o papel do setor público, privado e social, sem desvirtuar a missão central do SNS, e alertam para a necessidade de mudar o paradigma atual, excessivamente centrado na doença aguda e na urgência hospitalar, em detrimento da prevenção, saúde comunitária e acompanhamento de proximidade – áreas onde os jovens profissionais são estratégicos, mas subaproveitados.

O debate evidenciou que, apesar das divergências partidárias, há espaço para um diálogo construtivo entre decisores políticos e jovens profissionais, que se assumem como agentes ativos na defesa de uma saúde mais sustentável e democrática. O apelo é claro: sem uma verdadeira mudança de pensamento e compromisso político, muitos jovens continuarão a abandonar o país em busca de melhores condições para cuidar.

PR/HN/MM

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