Genética e Geografia Influenciam Risco de Cancro Colorretal em Jovens

24 de Maio 2025

Um estudo internacional com participação portuguesa, publicado na “Nature”, revela que fatores geográficos, idade e exposição precoce a bactérias intestinais aumentam o risco de cancro colorretal em jovens, abrindo portas a novas estratégias de prevenção.

Um estudo internacional publicado na revista científica “Nature”, com a participação do investigador português Rui M. Reis, da Escola de Medicina da Universidade do Minho, revelou novas pistas sobre o aumento do cancro colorretal em jovens. A investigação, que envolveu 63 cientistas de 17 países no âmbito do consórcio Mutographs, analisou o genoma completo de quase um milhão de pacientes provenientes de cinco continentes, focando-se nas variações dos processos mutacionais associados à geografia e à idade.

Os resultados apontam que a localização geográfica e a idade dos pacientes influenciam significativamente o contexto mutacional do cancro colorretal, um dos tipos de cancro mais letais a nível mundial. Destaca-se a exposição precoce a determinadas bactérias intestinais, em particular a Escherichia coli (E. coli), que produz a toxina colibactina, capaz de causar danos no ADN. Esta exposição aumenta a probabilidade de desenvolvimento de cancro colorretal em idades mais jovens. Foram observadas variações importantes em pacientes de países como Argentina, Brasil, Colômbia, Rússia e Tailândia, sugerindo que fatores ambientais e microbianos específicos de cada região desempenham um papel relevante no risco de doença.

A descoberta destes fatores poderá ter impacto direto nas estratégias de rastreio e intervenção, permitindo adaptações mais eficazes e personalizadas às populações de diferentes regiões. O estudo sublinha ainda a importância de abordagens multinacionais e multidisciplinares no combate ao cancro, demonstrando como a investigação genética está a transformar a prevenção e o tratamento oncológico.

O cancro colorretal, que afeta o cólon e o reto, é atualmente o terceiro mais frequente no mundo, com cerca de 1,9 milhões de novos casos por ano, sobretudo em pessoas com mais de 50 anos. Em Portugal, é o cancro mais mortal considerando ambos os sexos, registando uma média de 12 mortes diárias. Nos últimos anos, a incidência deste cancro em jovens duplicou em muitos países, tornando urgente o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção. A deteção precoce continua a ser fundamental, com muitos especialistas a recomendar o rastreio a partir dos 45 anos de idade.

PR/HN/MM

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

A má comunicação pode ser agressiva ao cidadão?

Cristina Vaz de Almeida: Presidente da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde; Doutora em Ciências da Comunicação — Literacia em Saúde. Presidente da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde. Diretora da pós-graduação em Literacia em Saúde. Membro do Standard Committee IHLA — International Health Literacy Association.

Crise de natalidade no Japão atinge o seu pico

O Japão registou, em 2024, a taxa de natalidade mais baixa de sempre, segundo estimativas governamentais e, no momento em que a geração “baby boom” faz 75 anos, o país confronta-se com o “Problema 2025”, segundo especialistas.

Cientistas detectam genótipos cancerígenos de HPV em esgotos urbanos

Cientistas uruguaios identificaram genótipos de HPV ligados ao cancro do colo do útero em águas residuais urbanas, sugerindo que a monitorização ambiental pode reforçar a vigilância e prevenção da doença em países com poucos dados epidemiológicos.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights