A medicina estética deixou de ser uma exclusividade feminina. Hoje, os homens tendem a sentir-se cada vez mais confortáveis em procurar soluções que promovam o bem-estar físico e psicológico. Esta mudança é positiva, porque além de representar uma crescente preocupação com a saúde e bem-estar, espelha sobretudo uma sociedade mais aberta e consciente da importância do cuidado pessoal para um envelhecimento saudável e para uma maior qualidade de vida.
O setor da saúde e bem-estar e a procura por procedimentos estéticos, têm registado um crescimento consistente em Portugal. Dentro deste panorama, a medicina estética tem-se destacado como uma área cada vez mais procurada, não só por mulheres — tradicionalmente mais abertas a este tipo de cuidados — mas também pelo público masculino. Esta tendência representa uma rutura com estigmas antigos e mostra que a preocupação com a aparência e o envelhecimento saudável deixou de ser um tabu no universo masculino.
Fatores como a exposição ao sol, poluição, má alimentação e stress aceleram o aparecimento de rugas, flacidez e manchas — sinais que hoje os homens procuram tratar e prevenir. A pensar nisso, a medicina estética oferece hoje procedimentos pouco invasivos, com recurso a tecnologia de ponta, por exemplo a toxina botulínica, comumente designada como “botox”, o ácido hialurónico, os bioestimuladores de colagénio ou os lasers, que estão a tornar-se populares entre os homens de várias faixas etárias que procuram melhorar a aparência de forma discreta, sem perder a naturalidade. No caso dos homens, é importante salientar que o envelhecimento da pele masculina envolve particularidades que merecem atenção, como uma maior densidade da pele, contudo assistimos também uma maior tendência para negligenciar cuidados básicos, como a hidratação ou o uso diário de protetor solar. É urgente apostar na sensibilização e educação para os cuidados da pele masculina.
Contudo, o aumento na procura deste tipo de tratamentos em Portugal tem tido um efeito colateral preocupante: a proliferação de clínicas e espaços ilegais, muitas vezes promovidos nas redes sociais, e onde são realizadas intervenções por pessoas sem qualificação ou habilitação adequada. Entre 2022 e 2024, foram denunciados à Entidade Reguladora da Saúde (ERS) mais de 300 estabelecimentos por práticas irregulares, o que levou a Ordem dos Médicos a classificar este problema como um “verdadeiro flagelo” e um risco para a saúde pública. Estas práticas realizadas por profissionais que não são médicos designa-se de ‘intrusismo’, e o seu combate tem sido uma das grandes missões da Sociedade Portuguesa de Medicina Estética (SPME), trabalhando na sensibilização deste fenómeno e através da qual é possível denunciar estes casos.
Para além da estética, a saúde hormonal é outra área que tem suscitado crescente atenção entre os homens portugueses. O declínio natural da testosterona pode provocar sintomas como fadiga, perda de massa muscular, baixa libido e desânimo. Nestes casos, a reposição hormonal, desde que feita com acompanhamento médico especializado, pode ser uma solução segura e eficaz.
Por outro lado, importa ainda lembrar que há sempre alternativas para quem não está confortável com este tipo de procedimentos, optando por hábitos de vida saudáveis e alterando escolhas no dia-a-dia, que podem ajudar a prevenir o envelhecimento sem necessidade de recorrer a intervenções médicas. Quando se trata deste tipo de procedimentos, tanto para os homens como para as mulheres, a regra de ouro é igual: ter particular atenção à escolha dos médicos – que devem ser formados nesta especialidade -, e sobretudo assegurar um diagnóstico prévio adequado, que permita encontrar a solução e encaminhar o paciente para o melhor tratamento e que corresponda aos objetivos pretendidos.
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