Um estudo populacional realizado pela Universidade de Oulu, na Finlândia, revelou que medicamentos comuns usados no tratamento de doenças ósseas, em particular os antiresortivos como o denosumab e os bisfosfonatos, estão associados a um risco significativamente aumentado de osteonecrose da mandíbula, sobretudo quando administrados em conjunto com corticosteroides. Esta condição, caracterizada pela deterioração e enfraquecimento do osso maxilar, pode ter consequências graves para os pacientes.
A investigação, conduzida por Miika Kujanpää, Ville Vuollo, Antti Tiisanoja, Marja-Liisa Laitala, György K. Sándor e Saujanya Karki, analisou dados de 58.367 adultos finlandeses que iniciaram terapêutica antiresortiva entre 2013 e 2015, acompanhando-os até 2020. Os resultados mostraram que a incidência de osteonecrose da mandíbula foi de 0,3% entre utilizadores de baixa dose de antiresortivos, mas atingiu 9% nos que receberam doses elevadas.
O risco revelou-se particularmente elevado nos doentes tratados com denosumab: estes apresentaram uma probabilidade cinco vezes superior de desenvolver osteonecrose da mandíbula em comparação com os utilizadores de bisfosfonatos, tanto em doses baixas como elevadas. A presença simultânea de corticosteroides agravou ainda mais o risco — duplicando-o em doentes sob altas doses de antiresortivos e multiplicando-o por seis em doentes sob doses baixas. O estudo identificou ainda o sexo masculino e o diagnóstico de cancro como fatores de risco adicionais para o desenvolvimento da doença.
Segundo Miika Kujanpää, investigador doutorando da Universidade de Oulu e dentista, “o nosso estudo confirma que o denosumab está associado a um risco significativamente mais elevado de osteonecrose da mandíbula em comparação com os bisfosfonatos, sendo a diferença de risco surpreendentemente grande. Foi também particularmente inesperado o impacto do uso simultâneo de corticosteroides em doentes sob medicação óssea de baixa dose”.
Os autores recomendam uma monitorização mais rigorosa dos doentes que necessitam de terapêuticas combinadas, especialmente da associação de denosumab e corticosteroides, e reforçam a importância da avaliação da saúde oral antes e durante o tratamento, para mitigar riscos e prevenir complicações graves.
Referência: The study was published in Scientific Reports in May. It was funded in part by the Finnish Dental Society Apollonia.
Article: Kujanpää, M., Vuollo, V., Tiisanoja, A. et al. Incidence of medication-related osteonecrosis of the jaw and associated antiresorptive drugs in adult Finnish population. Sci Rep 15, 17377 (2025). https://doi.org/10.1038/s41598-025-02225-2
NR/HN/AlphaGalileo
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