ONG guineense denuncia falta de atendimento a grávidas nos hospitais em greve

11 de Junho 2025

A vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Claudina Viegas, denunciou hoje alegadas situações de grávidas que estariam a ser mandadas para casa no Simão Mendes, principal hospital do país, por falta de técnicos que se encontram em greve.

Em conferência de imprensa, a Liga reagiu “com profunda preocupação” às ondas de greves nos setores da saúde, da educação e da justiça, cujos profissionais têm paralisado as suas atividades nos últimos meses de forma recorrente.

Os técnicos dos setores da saúde e da educação estão em greve desde segunda-feira e até sexta-feira, numa ação convocada pela Frente Social, uma plataforma que agrupa sindicatos dos dois setores.

Entre outros motivos, a greve visa reivindicar o pagamento de 17 meses de salários aos técnicos da saúde, vários subsídios em atraso, melhoria de condições laborais e ainda a cessação de nomeações, pelo Governo, de responsáveis com base em critérios de filiação partidária.

De acordo com a vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, a situação “é muito crítica” no setor da saúde, dando o exemplo do Simão Mendes, hospital de referência nacional.

“Na maternidade [do hospital Simão Mendes], há relatos de grávidas a serem obrigadas a voltar para casa por falta de atendimento”, afirmou Claudina Viegas, que alertou ainda para a época das chuvas, altura em que aumentam casos de paludismo (malária), doenças diarreicas e cólera.

A vice-presidente da Liga dos Direitos Humanos criticou ainda a decisão do Governo em mandar colocar médicos militares no Simão Mendes no lugar de técnicos civis em greve, conforme a denúncia da Frente Social.

Claudina Viegas defendeu que a medida, em vez de atenuar a situação, pode piorá-la.

“É preciso que haja soluções sustentáveis, pois esta medida agrava a situação ainda mais”, disse.

A responsável da Liga Guineense dos Direitos Humanos considerou que a greve dos professores “vai agravar ainda mais a qualidade da educação”, que já se confronta com falta de docentes, de material pedagógico e de infraestruturas.

Claudina Viegas criticou ainda a alegada carga policial sobre um grupo de alunos que se manifestou hoje numa escola pública de Bissau para exigir ao Governo que pague aos professores para que possam retomar as aulas.

Os profissionais do setor da justiça têm estado também em greve por várias vezes nos últimos meses, uma situação que Claudina Viegas considera que “deixa ainda mais os cidadãos em extrema vulnerabilidade, fazendo aumentar a impunidade no país”.

A Liga Guineense dos Direitos Humanos apela ao Governo “a abrir negociações claras” com os sindicatos, aos quais exorta também ao diálogo, rematou.

lusa/HN

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