É já conhecido que a obesidade atinge proporções elevadas, que é uma doença que se prevê que continue a aumentar e que se associa a mais de 200 outras doenças, entre as quais o AVC. Considera-se responsável por cerca de 43% dos casos de AVC isquémico e 63% dos casos de AVC hemorrágico.
Mas a verdade é que, apesar de estar reconhecida pela OMS, e por Portugal, como doença há mais de 20 anos, continua a existir muita incompreensão, seja da parte de quem tem este diagnóstico, seja da parte da sociedade em geral incluindo, muitos profissionais de saúde.
Muitas pessoas com obesidade continuam a sentir-se culpadas, com vergonha e frustração por não conseguirem superar sozinhas esta doença e muitos profissionais de saúde continuam a achar que esta doença se trata apenas com alterações na alimentação e exercício físico, apesar da evidência científica ter mostrado, claramente, que para tratar a obesidade é necessário muito mais que isso: é necessário além do tratamento comportamental, também de tratamento médico e, em alguns casos, tratamento cirúrgico. Este pressuposto não inviabiliza, naturalmente, a necessidade de apostarmos, também, na prevenção.
Partimos do princípio que a hipertensão, a diabetes ou até quem sofreu um AVC não se vai tratar sozinha, no entanto, ouvimos todos os dias comentários que associam a obesidade a falta de força de vontade para conseguirem comer menos e exercitar-se mais. Nada poderia estar mais longe da verdade: ninguém tem excesso de peso porque quer!
A obesidade é uma doença crónica, neurohormonal e comportamental crónica, séria, progressiva e recidivante mas que tem tratamento. Cabe a quem tem esta doença procurar ajuda médica, cabe às equipas médicas, que se querem multidisciplinares, mostrar compreensão, empatia, capacidade para diagnosticar, explicar os graves efeitos da obesidade a longo prazo e oferecer tratamentos com evidência científica adaptados a cada pessoa e cabe-nos a todos, como sociedade, lutar contra o estigma de que são vítimas as pessoas com obesidade sempre que assumimos que sabemos o que comem e quanto se exercitam, só assim poderemos contribuir para que todos possamos viver uma vida plena.
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