Serviços de saúde da mulher do NHS adaptaram-se bem à Covid-19 mas o futuro preocupa os especialistas

28 de Maio 2020

No Reino Unido, a maioria das serviços de saúde da mulher, incluindo as maternidades e os serviços de Ginecologia e Obstetrícia, adaptaram-se bem ao surto inicial de Covid-19, de acordo […]

No Reino Unido, a maioria das serviços de saúde da mulher, incluindo as maternidades e os serviços de Ginecologia e Obstetrícia, adaptaram-se bem ao surto inicial de Covid-19, de acordo com um estudo realizado por investigadores da Universidade de Warwick.

Os resultados da investigação, realizada pela “Warwick Medical School” e pela Universidade de Edimburgo, foram publicados no “International Journal of Obstetrics & Gynecology” (BJOG). Sugerem que a rápida implementação de orientações baseadas na evidência científica, bem como a realocação dos recursos do NHS foram fundamentais para a adaptação do “National Health Service” aos desafios da Covid-19.

Cerca de 95% dos serviços de saúde da mulher do Reino Unido responderam à sondagem, realizada entre 28 de março e 7 de abril, que teve como objetivo verificar se tinham sido adotadas as orientações da Organização Mundial da Saúde e do “Royal College of Obstetricians and Gynecologists” (RCOG) sobre a gestão segura de mulheres com Covid-19.

60,1% das unidades confirmaram que completaram os exercícios de treino específico para emergências obstétricas e ginecológicas em mulheres com Covid-19, e 64,9% afirmaram ter realizado treinos sobre a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI).

87,8% das unidades possuíam protocolos específicos para a Covid-19 na gravidez e 70,8% operavam em espaços dedicados à Covid-19 para emergências obstétricas. 91,2% dos entrevistados consideraram adequado o equipamento de proteção oferecido aos profissionais de saúde.

A maioria das unidades (79,1%) também reduziu as consultas pré-natais presenciais e 88,5% suspenderam os serviços de ginecologia eletiva, como as cesarianas planeadas, para limitar a presença de mulheres internadas.

O principal autor do estudo, Bassel Wattar, da “Warwick Medical School”, referiu: “As mulheres precisam de ter um acesso sustentável a serviços de saúde previsíveis e essenciais, incluindo a maternidade, contraceção e planeamento familiar. O nosso estudo teve o objetivo de fornecer uma rápida avaliação do status atual da prestação desses serviços no NHS, no seguimento da implementação das diretrizes nacionais em resposta à Covid-19”.

“A maioria dos hospitais do NHS parece seguir as diretrizes estabelecidas, baseadas na evidência, do “Royal College of Obstetricians and Gynecologists”, bem como da OMS, para fornecer serviços seguros às mulheres. Na fase de resposta aguda, muitos serviços ginecológicos eletivos foram suspensos e isso pode afetar a saúde das mulheres a longo prazo se esses serviços não forem reativados rapidamente. Além disso, parece haver impacto no tratamento do cancro ginecológico, mas é necessária uma avaliação mais detalhada para se obter uma imagem precisa”.

Ainda de acordo com Bassel Wattar “muitas unidades na área da saúde da mulher estão a começar a usar a telemedicina para proporcionar cuidados seguros, mantendo a regra do distanciamento social. Estes elementos precisam de ser mais explorados, e implementados adequadamente nas maternidades do NHS, enquanto nos preparamos para o ‘novo normal’. Além disso, é necessário reativar rapidamente os cuidados ginecológicos eletivos, a fim de evitar resultados negativos, a longo prazo, para a saúde das mulheres”.

“As grandes pandemias estão normalmente associadas a um elevado nível de morbilidade relacionado com a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e ao esgotamento dos recursos disponíveis. A Covid-19 representa um desafio para a comunidade médica mundial, interrompendo o acesso aos serviços de saúde, aumentando a tensão e a procura de equipas médicas. À medida que realocamos recursos para lidar com a pandemia, muitos setores que necessitam de cuidados contínuos, como a maternidade, cancro e trauma, vão ser afetados negativamente”.

NR/HN/Adelaide Oliveira

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