O artigo “Marcadores séricos de ativação de células B na gravidez durante o fim da gestação, parto e período pós-parto” demonstra que estas células desempenham um papel essencial na gravidez. A investigação indica que “uma gravidez bem-sucedida requer uma grande regulação do sistema imunológico materno, sem comprometer o seu papel na proteção da mãe ou do feto”. É neste sentido que as células B “são essenciais para a atividade imunológica, que também estão implicados na evolução normal da gravidez”.
Os especialistas admitem que estas células, através da produção de autoanticorpos, podem provocar complicações obstétricas “como a perda gestacional, a pré-eclâmpsia, a restrição do crescimento intrauterino, e o parto pré-termo.” De acordo com Jorge Lima, Coordenador da Unidade de Alto Risco Obstétrico do Hospital CUF Descobertas e um dos investigadores deste estudo, “a descoberta mais óbvia a emergir deste estudo é a de que a ativação das células B é um evento imunológico na gravidez, mas que continua no período pós-parto afetando a secreção de várias classes de anticorpos, o que pode explicar o aparecimento ou agravamento de algumas doenças autoimunes no pós-parto”.
O investigador acrescenta que “outra implicação teórica deste estudo é que o papel da placenta como órgão imunológico pode ser importante para uma investigação mais aprofundada no contexto de doenças autoimunes, tais como o Lupus Eritematoso Sistémico, que além de terem um aumento de surtos na gravidez estão muitas vezes associadas a desfechos obstétricos adversos, como perda gestacional, a restrição de crescimento fetal, a pré-eclâmpsia e o parto prematuro”.
O reconhecimento internacional é para os investigadores “motivo de orgulho”. A equipa da Unidade de Alto Risco Obstétrico do Hospital CUF Descobertas defende que a actividade de investigação “deve ser indissociável da parte clínica, especialmente quando os resultados beneficiam a mesma”.
Vaishaly Camões
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