unidades de saúde devem assegurar condições para permitir acompanhante no parto

5 de Junho 2020

As unidades de saúde devem assegurar condições para permitir um acompanhante no parto, desde que a grávida não esteja infetada com covid-19, segundo uma nova orientação da Direção-Geral da Saúde (DGS).

O documento, hoje divulgado, diz que este acompanhante não pode ter contactado com pessoas infetadas nos 14 dias anteriores.

Na orientação, que atualiza uma informação anterior, a DGS sublinha que, “dado o escasso conhecimento científico, as decisões devem ter por base a avaliação clínica, as condições físicas e recursos humanos de cada instituição e ainda as escolhas do casal”.

“Se a presença de acompanhantes não puder ser garantida de forma segura, podem ser consideradas medidas excecionais de restrição de acompanhantes, desde que sejam proporcionadas e fundamentadas no risco de infeção por SARS-CoV-2”, refere.

A DGS explica que, no caso das mulheres grávidas com covid-19, deve ser considerada a restrição da presença de acompanhante para diminuir a propagação da infeção “a pessoas que possam vir a estar envolvidas nos cuidados ao recém-nascido no seio familiar”.

Quando exista suspeita ou confirmação de covid-19, a DGS define, entre outras medidas, que o trabalho de parto seja realizado “com monitorização cardiotocográfica contínua”.

“Se não existir suspeita de infeção, a realização do parto deve decorrer nos moldes habituais, com o reforço das medidas de prevenção e controlo de infeção e a utilização de equipamento de proteção individual adequado”, acrescenta.

No que diz respeito aos cuidados pré-natais, cada instituição poderá impor restrições na política de visitantes “sempre que a grávida ou puérpera for um caso confirmado ou suspeito”, de forma a limitar o risco de transmissão da doença, refere a orientação.

O documento estabelece também os procedimentos a adotar no internamento hospitalar durante a gravidez, nomeadamente a realização de um teste laboratorial para o novo coronavírus, mesmo que não existam sintomas sugestivos de covid-19.

Nas grávidas com diagnóstico de covid-19 em vigilância no domicílio, as consultas presenciais e os procedimentos pré-natais devem ser adiados, sempre que possível, desde que não haja compromisso da segurança clínica, até terminar o período de isolamento no domicílio, e deve ser privilegiada a teleconsulta.

A DGS diz que, no âmbito da covid-19, um dos aspetos que tem suscitado maiores dúvidas é o período periparto, bem como a abordagem da gravidez, mãe e recém-nascido.

“A evolução científica impõe uma constante atualização dos modelos de abordagem clínica, continuamente adaptados à evolução epidemiológica e às medidas de saúde pública implementadas”, sublinha.

Até à data, “a grávida não parece ter risco acrescido para a covid-19, mas são conhecidas as alterações imunológicas durante a gravidez, bem como a possibilidade de desfechos desfavoráveis em situações infecciosas, principalmente no final da gravidez”, lembra a DGS, frisando que o conhecimento científico sobre a infeção durante a gravidez “é escasso e baseia-se num número pequeno de casos”.

Revela ainda que existem três relatos de anticorpos detetados em recém-nascidos, “o que sugere uma resposta a infeção intrauterina”, dois casos de infeção placentária e ainda alguns relatos sobre recém-nascidos com pesquisa de vírus positiva nos primeiros dias de vida, “o que levanta também a hipótese de transmissão vertical”.

“Esta, a ocorrer, será num número restrito de casos e os dados devem ser interpretados com cautela. Alguns estudos sugerem ainda a possibilidade de prematuridade, principalmente tardia, e a ocorrência de transmissão horizontal”, informa a autoridade nacional de saúde, lembrando que, como a informação ainda é escassa, todos os dados devem ser interpretados com cautela.

Os últimos dados oficiais indicam que em Portugal morreram 1.455 pessoas das 33.592 confirmadas como infetadas e que há 20.323 casos recuperados.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 387 mil mortos e infetou mais de 6,5 milhões de pessoas em todo o mundo. Mais de 2,8 milhões de doentes foram considerados curados.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ULS de Coimbra aumenta atividade assistencial na região em 2024

A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra aumentou em 2024 a atividade assistencial na região, comparativamente a 2023, tendo ficado muito próxima de realizar um milhão de consultas e registado mais de cinco mil nascimentos.

Enfermeiros reagem a regime de dedicação plena com petição ao governo

Os enfermeiros que trabalham em Unidades de Saúde Familiar (USF) manifestaram a sua discordância em relação ao regime de Dedicação Plena imposto pelo Governo, através de uma petição promovida pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE). 

Menopausa Precoce em Debate nas FNAC Talks

No passado dia 10 de janeiro, a FNAC de Alfragide recebeu mais uma edição das FNAC Talks, desta vez dedicada ao tema “Fertilidade e Menopausa Precoce”. 

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights