Quem está em risco de perturbações do ritmo cardiaco?

15 de Junho 2020

Os especialistas são hoje capazes de apontar a melhor maneira de identificar pessoas mais prováveis de desenvolver comuns e devastadoras perturbações do ritmo cardíaco.

Há que utilizar a melhor ferramenta para o trabalho.

As conclusões estão publicadas na EP Europace – uma publicação da Sociedade Europeia de Cardiologia (SEC) – e apresentado na EHRA Essentials 4 You, uma plataforma científica da SEC.

O estudo recomenda a melhor maneira de determinar a probabilidade de desenvolver um distúrbio do ritmo cardíaco, e também como avaliar o risco de fracos resultados em pacientes com esta condição.
O documento foca-se na fibrilhação auricular – o distúrbio do ritmo cardíaco mais frequente e a principal causa de acidentes vasculares cerebrais incapacitantes –, e na taquiarritmia ventricular (ritmo cardíaco acelerado) – uma das principais causas de morte súbita cardíaca.

O tópico é de importância urgente para a saúde pública: um em cada quatro adultos de meia-idade na Europa e nos Estados Unidos vai desenvolver fibrilhação auricular. Estima-se que em 2030 existam entre 14 a 17 milhões de pacientes com fibrilhação auricular na União Europeia, com entre 120 mil a 215 mil novos diagnósticos todos os anos.

“Avaliações fiáveis de risco permitem diagnóstico antecipado – com mudanças no estilo de vida ou medicação – que podem ser preventivas”, disse o principal autor Professor Jens Cosedis Nielsen do Hospital Universitário de Aarhus, na Dinamarca. “Para chegarmos à resposta correta quando avaliamos riscos, precisamos de utilizar ferramentas que tenham provado ser capazes de prever com exatidão a condição ou o resultado”.

Por exemplo, a probabilidade de desenvolver fibrilhação auricular aumenta com a idade, da mesma maneira que reduzir o consumo de álcool e a perda de peso podem prevenir ou retardar a condição.

Em pacientes com fibrilhação auricular, a possibilidade de acidente vascular cerebral (AVC) aumenta em casos de idade avançada, insuficiência cardíaca, alta pressão arterial, diabetes, casos de antecedentes de ataque cardíaco ou AVC, e em mulheres. A pesquisa mostra que medicamentos anticoagulantes reduzem drasticamente o risco de AVC em pacientes com uma combinação destes fatores.

“Os AVCs são uma das piores coisas que pode acontecer, e cerca de um quarto acontece em pacientes com fibrilhação auricular”, explicou o Professor Nielsen. “AVCs devido à fibrilhação auricular são mais incapacitantes que AVCs com origem noutras causas. Com boa avaliação de risco podemos evitar situações destas desnecessárias”.

No que diz respeito à taquiarritmia ventricular, o mais comum fator de predisposição é um antecedente de ataque cardíaco. Quando combinado com fraca função bombeadora do coração (chamada fração de ejeção), os pacientes encontram-se em risco aumentado de paragem cardíaca e morte. Casos de morte súbita podem ser prevenidos ao implantar um desfibrilador (chamado ICD ou desfibrilador cardiovascular implantável).

O artigo dedica ainda uma secção a tecnologias em uso como smartwatches, um mercado com previsão de crescimento para os 929 milhões de dispositivos em utilização até ao próximo ano. Existem também provas de que dispositivos como estes podem ajudar a detetar fibrilhação auricular, mas a sua eficácia varia.

“Existe ainda um problema de demasiados falsos positivos quando um dispositivo diz que uma pessoa tem fibrilhação auricular, mas na verdade não têm”, explica o Professor Nielsen. “Mas para além disso, se o smartwatch detetar 30 minutos de um incidente de fibrilação auricular em alguém sem sintomas, continuamos sem saber se anticoagulantes conseguirão prevenir um AVC”.

“Os wearables podem ser muito valiosos no futuro, mas neste momento não têm ainda lugar na avaliação de risco”, concluiu o Professor Nielsen.

O consenso internacional no que diz respeito à avaliação do risco em arritmias cardíacas foi desenvolvido pela Associação Europeia do Ritmo Cardíaco (AERC), um ramo da SEC; da Associação do Ritmo Cardíaco (HRS); da Associação do Ritmo Cardíaco da Ásia e Pacífico, e da America Latina.

Está também publicado na publicação oficial da Associação do Ritmo Cardiaco, Heart Rhythm; no jornal oficial da mesma associação para a zona da Ásia e Pacífico – Journal of Arrhytmia; e no Journal of Interventional Cardiac Electrophysiology, a publicação oficial da associação sediada na América Latina.

NR/HN/João Daniel Ruas Marques

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