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Quando a SPMS boicota o despacho da Senhora Ministra da Saúde
No despacho de 7 de Maio 2020 da Ministra da Saúde lê-se
3 – Enquanto a situação epidemiológica do país o justificar, e em especial durante o estado de calamidade, os estabelecimentos e serviços do SNS garantem que a realização da atividade assistencial ocorre:
a) Com recurso a meios não presenciais, utilizando mecanismos de telessaúde, designadamente programas de telerrastreio, teleconsulta, telemonitorização e teleconsultadoria, exceto quando tal não for clinicamente adequado ou tecnicamente possível;
Ou seja, o Ministério da Saúde entende que se mantém a situação de preferência de evitar que os doentes se desloquem às Unidades de Saúde Familiar sempre que tal não seja estritamente necessário, e indica.
Acontece que parte das USF estão equipadas com um software privado, contratado pelas ARS, o Medicine One. Medicine One que tem tudo preparado para que tal seja possível, quer a teleconsulta quer a desmaterialização da requisição de Meios Complementares Sem Papel, ou seja o envio por SMS das requisições dos exames, como acontece já com os medicamentos, evitando assim deslocações desnecessárias à USF. Sobretudo importante para o envio de pedido de testes despiste de COVID a pessoas suspeitas de estarem infetadas, que, como é evidente , não devem estar a deambular por aí e muito menos de se dirigirem ás Unidades de Saúde sem ser preciso.
Só que, para poder implementar esta funcionalidade, o Medicine One precisa da autorização da SPMS- Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, a central e compras do MS, e esta autorização nunca mais vem e as sucessivas insistências ficam sem resposta.
Hoje mesmo, depois de muitos dias sem resposta, terá surgido mais uma exigência que aliás já foi rapidamente atendida. Veremos quanto tempo mais vai demorar a próxima resposta e se a autorização esperada chega finalmente ou se a SPMS vai encontrar mais alguma questão dilatória. .
Convém lembrar que a SPMS não é só uma central de compras mas que há muitos anos decidiu ser também uma software-house pública e concorrente das aplicações privadas que antes da SPMS existir tinham sido contratadas para a informatização das USF, mas que agora estão na sua dependência para a autorização da introdução de qualquer inovação.
E que a SPMS quer acabar com as aplicações privadas (já consegui acabar com uma, o Vitacare, restando o M1) para ficar com o monopólio e não ter concorrência. Sobretudo para que não possa haver termo comparativo que a deixe mal na fotografia.
Se o Medicine One ainda existe nos CSP públicos é pela luta que os seus utilizadores fizeram para que continuasse, contra instruções que receberam, que a partir do dia X teriam que passar a usar o SClínico, e como nos explicaram, por causa do “Plano de Negócios da SPMS”.
A SPMS tem gasto rios de dinheiro a tentar desenvolver o SClinico, sucessor do programa público SAM, que já tinha demorado anos a ser desenvolvido sem grande sucesso, e para o qual, agora, ao fim de mais 12 anos e de muito dinheiro gasto, a SPMS ainda não conseguiu, inacreditavelmente , ter um modulo integrado de Agenda das Consultas, tendo que para este efeito que recorrer a uma super super obsoleta aplicação informática, o SINUS, que é dos anos 80.
SClínico que como tem sido público e notório tem sido alvo de permanentes queixas dos seus utilizadores
Os utilizadores do Medicine One, que há 13 anos estão satisfeitos com o Medicine One, que cumpre com todos o requisitos e funcionalidades, não podem deixar de chamar a atenção à Senhora Ministra da Saúde para este boicote da SMPS que põe em causa a saúde e a acesso à saúde dos seus utentes.
Nota: A Missão da Reforma os Cuidados de Saúde Primários, entendeu e 2006, e bem, sobretudo olhando à experiência falhada do “público” SAM, que a melhor solução era dar a escolher às USFs entre os programas certificados e que a concorrência seria benéfica para o desenvolvimento dos mesmos.
Concorrência que foi aliás fundamental até para o desenvolvimento do SClínico (olhando para o que o outro faz). Infelizmente enquanto Medicine One há anos tem um Processo Clínico Integrado, partilhado pelos médicos, enfermeiros e Secretários Clínicos e com Agenda Integrada, o “público” SClínico, nunca
Gostaria de saber quanto é que o programa privado MedicineOne lhe paga para defender essa opção, em detrimento do programa público.
Não seria melhor ter o seu espírito rebelde em defesa da causa pública e a melhorar o sistema SClínico que, diz você, está tão atrasado?