Estudo indica que um em cada quatro idosos se sente só e tem sintomas depressivos

1 de Outubro 2021

Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) concluíram que um em cada quatro idosos se sente só e tem sintomas depressivos, apelando para que sejam adotadas “medidas urgentes” para “combater a epidemia da solidão”.

Em comunicado, o centro da Universidade do Porto afirma hoje, em que se assinala o Dia Internacional da Pessoa Idosa, que o projeto avaliou “os desafios associados ao envelhecimento demográfico”.

A partir da base europeia SHARE, que acompanha pessoas com mais de 50 anos e pretende responder aos objetivos da Década do Envelhecimento Saudável, o projeto, intitulado QASP (Qualidade de Vila e Envelhecimento em Espanha, Portugal), concluiu que a chamada “epidemia de solidão” e os problemas de saúde mental requerem “medidas urgentes” para promover a qualidade de saúde e vida.

“É urgente desenvolver meios de deteção precoce dos problemas de solidão, isolamento social e sofrimento psicológico em pessoas idosas, assim como promover programas de apoio às famílias”, alertam os investigadores, citados pelo CINTESIS.

O projeto, que decorreu ao longo de três anos e vai ser apresentado hoje na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), conclui que cerca de 22% da população portuguesa tem 65 ou mais anos e que “uma em cada quatro pessoas idosas tem sentimentos de solidão e sintomas depressivos”.

Os investigadores salientam por isso a necessidade de desenvolver “ações a todos os níveis”, nomeadamente, individual, comunitário e institucional em articulação com a administração publica, os serviços sociais e da saúde, movimentos associativos e investigadores.

Para combater a “solidão indesejada” e o isolamento, a equipa envolvida no projeto recomenda a deteção precoce dos problemas e a promoção de programas comunitários e de apoio às famílias que “garantam o descanso do cuidador e a conciliação dos cuidados prestados à família”.

Já para lidar com o sofrimento psicológico dos mais velhos, principalmente, estados depressivos e ansiedade aconselham, além da deteção precoce, o “desenvolvimento de atividades na comunidade que estimulem simultaneamente capacidades físicas, psicológicas e sociais”.

Citado no comunicado, Óscar Ribeiro, investigador do CINTESIS e coordenador do projeto em Portugal, afirma ser necessário “fomentar a participação das pessoas mais velhas em todas as fases dos programas de cuidados e promoção da saúde física e mental, ajudando-as a sentirem-se valorizadas, uteis e com propósito de vida”.

Também Maria João Forjaz, coordenadora do projeto e investigadora do Instituto de Saúde Carlos III (Espanha), salienta ser preciso desenvolver “intervenções multidisciplinares com o objetivo de mitigar a solidão e o isolamento social”.

“Pretendemos sensibilizar e colocar a temática do envelhecimento na agenda política. Para isso, é preciso chegar a vários organismos e instituições ao mesmo tempo. Também é preciso que as empresas tenham em conta estratégias para abordar o envelhecimento dos seus trabalhadores”, refere a coordenadora.

As recomendações do projeto, financiado pelo Instituto de Saúde Carlos III, são dirigidas às autoridades de saúde, decisores políticos e profissionais que trabalham com pessoas idosas, tanto em Portugal, como em Espanha.

A apresentação do projeto, que decorre entre as 09:30 e as 13:00, conta com a presença de membros da Organização Mundial de Saúde (OMS).

LUSA/HN

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