Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita ao hospital de Faro, Ana Rita Cavaco considerou essencial a contratação de “mais enfermeiros” para o CHUA, assim como “alterações na organização e circuito da urgência” e correções “pontuais” nos serviços de Cardiologia e Cirurgia 1.
“Estamos a falar de um hospital que, em termos de rácio de enfermeiro por mil habitantes, neste momento, é dos piores do país. Essa contratação tem de ser constante, para irmos a tempo de manter serviços e áreas funcionais abertos, senão, não podemos servir a população”, afirmou.
A visita da bastonária acontece depois de, em agosto, 65 dos 72 Enfermeiros das Urgências do CHUA terem apresentado uma declaração de escusa de responsabilidades alegando falta de condições para a prestação de cuidados.
Já a enfermeira diretora do CHUA argumentou que, desde que a nova administração tomou posse, há dois anos, já contratou “250 enfermeiros”, número “manifestamente insuficiente”, embora haja uma preocupação em ir admitindo profissionais à “medida da disponibilidade dos que aparecem” no mercado de trabalho.
“Temos estado a contratar todos os enfermeiros que nos têm mostrado disponibilidade para trabalhar no CHUA”, assegurou Mariana Santos, sublinhando que dificuldade em fixar profissionais na região levou a administração a estabelecer protocolos com universidades da Andaluzia, em Espanha.
O objetivo é a contratação de profissionais recém-formados, dos quais têm recebido “pedidos de informação” e que, caso se venham a concretizar, serão encaminhados para a Ordem dos Enfermeiros para “formalizar processo de acreditação e certificação de competência em Portugal”.
Há vários anos que há formação de enfermeiros no Algarve, mas num número que aquela responsável classificou como “insuficiente” para as necessidades da região, já que no ano passado apenas 28 enfermeiros se formaram na Universidade do Algarve.
Mariana Santos adiantou que o CHUA está a procurar desenvolver um projeto com a Universidade e o Ministério da Saúde para que esse número passe para “o dobro”, valor mesmo assim considerado “insuficiente” já que há outras entidades a “absorver” os profissionais.
A bastonária denunciou ainda que o Algarve é o “único sítio do país onde não se cumpre a legislação” sobre o número de enfermeiros nos Serviços de Urgência Básica (SUB) que deveria ser de “três: dois para o serviço e outro no posto de triagem”, explicou, aos quais se acresce “mais um”, caso exista uma ambulância de Suporte Imediato de Vida.
“Aquilo que aconteceu durante o verão e, pelo que nos dizem, continua a acontecer, era obrigar o enfermeiro que estava no SUB a sair, deixando os seus doentes para fazer o transporte do doente crítico para as urgências. Isto é gravíssimo e não pode acontecer, põe em causa a vida de toda a gente”, realçou.
Questionada pelos jornalistas sobre a situação, a enfermeira diretora do CHUA assegurou desconhecer tal realidade, da qual, prometeu, se iria “inteirar”.
LUSA/HN
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