“A ameaça de uma crise de matérias-primas de vacinação paira sobre o continente. No início do próximo ano, as vacinas Covid-19 começarão a circular pelo continente, mas a escassez de seringas poderá empatar o progresso”, disse Matshidiso Moeti, durante uma conferência de imprensa virtual sobre a evolução da pandemia no continente.
Embora ainda não haja carências, alguns países em África, como o Quénia, Ruanda e África do Sul, já sofreram alguns atrasos nos seus abastecimentos, adiantou.
Sem um aumento da produção global destas mercadorias, a escassez seria global, mas o impacto seria sentido principalmente em países de baixo e de médio rendimento, como as nações africanas, de acordo com as previsões da OMS.
Isto afetaria não só o progresso na vacinação contra a Covid-19 – comprometendo seriamente o objetivo da ONU de imunizar 70% da população mundial até 2022 -, mas também a inoculação de rotina na infância contra outras doenças, o que poderia ter consequências graves para a saúde a médio prazo.
O alerta global de escassez de seringas também surgiu nas últimas semanas noutras partes do mundo, desde os Estados Unidos até à Índia.
A UNICEF emitiu uma declaração na quarta-feira avisando que, se a produção não for aumentada, perto de 2,2 mil milhões de seringas poderão estar em falta até 2022.
“Esta escassez apenas atingirá o tipo de seringas que são automaticamente bloqueadas para impedir a sua reutilização, como exigido pelas diretrizes da OMS e da UNICEF”, disse a agência da ONU para a infância, na sua mensagem.
“Os países de rendimento baixo e médio – onde tais seringas são cruciais para a segurança – irão suportar o peso desta escassez. Não prevemos escassez significativa no fornecimento de seringas padrão utilizadas em países de alto rendimento”, acrescentou a declaração.
A escassez de seringas resulta principalmente de uma elevada procura e de ruturas nas cadeias de abastecimento internacionais.
Atualmente, apenas 5,58% das pessoas em África estão totalmente vacinadas contra a Covid-19.
Dadas as dificuldades de acesso, a OMS estima que apenas 10% das nações africanas atingirão o objetivo de ter pelo menos 40% da população inoculada até ao final deste ano.
No que diz respeito à evolução da pandemia, a maior parte da região já deixou para trás uma terceira vaga grave de contágio, impulsionada pela variante delta e alguns países já estão a ultrapassar a sua quarta curva de infeção importante.
O número total de casos acumulados situa-se em cerca de 8,48 milhões, com cerca de 218.000 mortes.
LUSA/HN
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