Mudanças no estilo de vida melhoram hipertensão resistente

5 de Novembro 2021

Os resultados de uma investigação publicada na revista “Circulation” sugerem que mudanças de estilo de vida supervisionadas, incluindo alterações na dieta, aconselhamento em grupo e um programa de exercícios de reabilitação cardíaca, fornecem resultados semelhantes aos medicamentos na redução da pressão arterial. 

Os resultados de uma investigação publicada na revista “Circulation” sugerem que mudanças de estilo de vida supervisionadas, incluindo alterações na dieta, aconselhamento em grupo e um programa de exercícios de reabilitação cardíaca, fornecem resultados semelhantes aos medicamentos na redução da pressão arterial. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1,28 mil milhões de adultos em todo o mundo, com idades compreendidas entre 30 e 79 anos, têm pressão arterial elevada ou hipertensão.

Existem vários medicamentos para controlar a hipertensão. No entanto, cerca de 20% das pessoas com esta condição têm hipertensão resistente, o que significa que os medicamentos não conseguem baixar a sua pressão arterial para níveis considerados seguros.

A hipertensão resistente está relacionada com um risco aumentado de danos nos órgãos e 50%  maior risco de eventos cardiovasculares adversos, em comparação com pessoas que têm a hipertensão controlada.

Algumas evidências preliminares sugerem que dieta e atividade física podem diminuir a pressão arterial entre das pessoas com hipertensão resistente. No entanto, até o momento, faltavam estudos relevantes.

Numa investigação recente, especialistas da “Duke University School of Medicine”, em Durham, realizaram um ensaio clínico randomizado denominado “Tratamento da Hipertensão Resistente usando modificação do estilo de vida para promover a saúde” (TRIUMPH) para verificar a ligação entre mudanças no estilo de vida e a hipertensão resistente.

Concretamente, analisaram os resultados de uma dieta combinada de quatro meses e exercício físico, num ambiente de reabilitação cardíaca, em comparação com uma única sessão educacional em que era fornecida aos doentes a mesma prescrição de estilo de vida.

“Os resultados indicam que a introdução de modificações no estilo de vida em pacientes com hipertensão resistente […] podem conduzir à perda de peso com sucesso, aumento da sua atividade física e, como resultado, diminuição da pressão arterial e potencialmente redução do risco de sofrer um ataque cardíaco ou enfarte devido à pressão arterial elevada”, referiu James A. Blumenthal, autor sénior do estudo. 

Os investigadores esperam que estes resultados incentivem os decisores políticos a considerar a reabilitação cardíaca como um novo tratamento para a hipertensão resistente.

Mais informação: Effects of Lifestyle Modification on Patients With Resistant Hypertension: Results of the TRIUMPH Randomized Clinical Trial
James A. Blumenthal, Alan L. Hinderliter, Patrick J. Smith, Stephanie Mabe, Lana L. Watkins, Linda Craighead, Krista Ingle, Crystal Tyson, Pao-Hwa Lin, William E. Kraus, Lawrence Liao, Andrew Sherwood
Originally published27 Sep 2021https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.121.055329Circulation. 2021;144:1212–1226

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

DGS Define Procedimentos para Nomeação de Autoridades de Saúde

A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu uma orientação que estabelece procedimentos uniformes e centralizados para a nomeação de autoridades de saúde. Esta orientação é aplicável às Unidades Locais de Saúde (ULS) e aos Delegados de Saúde Regionais (DSR) e visa organizar de forma eficiente o processo de designação das autoridades de saúde, conforme estipulado no Decreto-Lei n.º 82/2009.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights