Celebramos no dia 14 de Novembro o Dia Mundial da Diabetes, este ano, com o tema central: Access to Diabetes Care – If Not Now, When? Ou, em Tuga: Acesso aos Cuidados de Diabetes – Se Não Agora, Quando?
Este é o tema proposto pela Federação Internacional da Diabetes para ser utilizado a nível global. Mais informações aqui.
Estamos todos muito saturados de discursos simpáticos e politicamente correctos, de boas intenções, de ouvir falar em colocar a pessoa como aspecto central dos sistemas de saúde, de excelentes documentos e do blá, blá do costume. Estamos saturados porque depois pouco vemos ser verdadeiramente concretizado na prática.
É urgente agir! É urgente mudar! Não podemos continuar a adiar!
Recentemente, foi aprovada no Parlamento a chamada “Lei do direito ao esquecimento” que visa permitir que doentes curados ou controlados de cancro, diabetes, VIH/sida ou hepatite C, deixem de ser discriminados no acesso a seguros de vida para a obtenção de créditos bancários, por exemplo para a aquisição de habitação.
Este foi um passo muito importante para iniciar o fim da discriminação que existe no acesso a seguros de vida pelas pessoas com diabetes. Foi importante, mas… só como o primeiro passo, se os seguintes não forem dados, vai ficar só por um conjunto de boas intenções!
Espero, todos esperamos, que o poder político não se esqueça de regulamentar esta Lei.
Espero, todos esperamos, que não se esqueçam de implementar medidas de fiscalização.
Espero, todos esperamos, que as companhias de seguros não se esqueçam que esta Lei existe e que se esqueçam de usar subterfúgios e manobras manhosas para a ultrapassar e continuar com a discriminação.
Já agora… que nome mais estranho! Queremos ser esquecidos ou queremos ser lembrados?
Todos os países têm as suas lacunas e necessidades no tratamento da diabetes e no apoio às pessoas com diabetes. Milhões de pessoas não têm acesso a cuidados de saúde, não têm acesso a insulina ou a outros fármacos e tecnologias. Após 100 anos da descoberta da insulina, é inaceitável que ainda existam pessoas sem acesso a esta hormona da vida, sem a qual os indivíduos com diabetes tipo 1 não sobrevivem. Ler histórias de pessoas que morreram, ou que tiveram graves problemas de saúde, porque faltou o acesso à insulina é dilacerante e revoltante. De relembrar que a equipa que descobriu a insulina vendeu a patente por 1 dólar para que todos tivessem acesso, o mais rapidamente possível, a este maravilhoso líquido.
Em Portugal, felizmente, temos acesso à insulina de forma gratuita e fácil tal como temos acesso a cuidados de saúde e algumas tecnologias e outros fármacos. Contudo, ainda há muito a fazer e a melhorar!
Alguns exemplos.
Comparticipação dos sistemas de medição contínua de glicémia. Acesso mais alargado aos sistemas de perfusão contínua de insulina aos adultos pela introdução de comparticipação. Terminar com a discriminação no acesso a seguros de saúde. Acabar com a discriminação nas escolas, por exemplo no acesso a actividades desportivas e de ocupação de tempos livres. Acabar com a discriminação no acesso a diversos empregos, como o de piloto de aviação comercial. Verdadeiramente envolver as pessoas com diabetes nos diversos níveis de decisão das políticas de saúde.
Queremos ser lembrados todos os dias do ano e não só no dia 14 de Novembro!
Para finalizar, enviar um beijo enorme e um forte abraço a todos os técnicos de saúde envolvidos no tratamento das pessoas com diabetes. Vocês tornam a nossa vida melhor. Sem o vosso trabalho nada seria possível. Em particular a todos com os quais tive, e tenho, o prazer de conviver. A todos o meu MUITO OBRIGADO.
Ah! E reparem que escrevi: “tratamento de pessoas com diabetes” e não “tratamento da diabetes”, pois é preciso ver a pessoa e não só a sua diabetes.
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