“A situação do VIH/SIDA ainda continua controlada, muito embora nós não tenhamos conseguido, em 2019, realizar o estudo sobre a prevalência na população em geral, por falta de financiamento”, explicou o coordenador do Programa Nacional de Luta Contra Sida (PNLS), Bonifácio Sousa.
Segundo Bonifácio Sousa, “a componente biológica não fez parte” do último Inquérito aos Indicadores Múltiplos (MIC) realizado em 2019 no país, pelo que os últimos dados nacionais disponíveis dizem respeito a 2014.
“Mas, todavia,” explica, têm-se realizado “pequenos estudos ao nível da população chave – que são populações caracterizadas de mais vulneráveis em relação ao VIH/SIDA” – em que os resultados indicam que o país está dentro do objetivo de “não ultrapassar a meta de 0,5% ao nível nacional ou, quiçá, manter a meta a este nível”.
O coordenador do Programa Nacional de Luta contra Sida indicou resultados de estudos realizados a pelo menos três grupos chaves, cujo resultados apontaram diminuição.
“Em 2019 nós saímos de infeção nas grávidas de 1,5% e neste momento já estamos com 0,3%, tanto é que nós estamos a projetar a eliminação da transmissão de mãe para filho por esta via”, explicou Bonifácio Sousa, acrescentando que também entre os reclusos havia “uma prevalência 1,5%”, mas o último estudo a este grupo registou uma diminuição para 0,5%.
“O primeiro estudo que nós fizemos no grupo das profissionais do sexo a prevalência era de 4,2%, hoje estamos a 1,4%”, precisou.
Apesar destes estudos realizados em 2019 indicarem que “a situação do HIV/SIDA está controlada em São Tomé e Príncipe, o coordenador do PNLS, considera que “só o MIC poderia dar um dado mais objetivo.”
“Com o MIC a população alvo do estudo seria a população em geral, mas estudos feitos ao nível da população chave também nos dão uma grande ideia sobre o que está acontecendo com a população em geral”, explicou.
Segundo Bonifácio Sousa, só em 2024 o país poderá ter dados atualizados sobre a prevalência do vírus HIV/SIDA ao nível nacional.
Entretanto, adiantou que com a pandemia da Covid-19, sobretudo “nos últimos seis meses de quarentena que o país viveu” no ano passado, “os pacientes não puderam beneficiar dos serviços de diagnósticos e tratamento, o que se refletiu de uma forma negativa nos indicadores do programa”.
“Tivemos uma baixa da supressão viral – número de doentes que deveriam ter uma carga viral suprimida – foi muito inferior àquilo que projetamos, mas nesse ano [2021] nós conseguimos melhorar. Saímos de 60% da taxa da supressão viral e hoje estamos a 81%. Nós queremos atingir 90% até 2030”, explicou.
Numa mensagem por ocasião do dia mundial de luta contra a SIDA, o ministro da Saúde, Edgar Neves, defendeu que é preciso agir “urgentemente” de “forma conjunta e simultânea […] contra o VIH e a covid-19”.
“As duas são pandemias de desigualdades e as desigualdades impulsionam tanto o VIH como a covid-19. Portanto, lidar com as desigualdades é um dos grandes desafios e deve ser uma prioridade para garantir que todos, sem descriminação, tenham acesso a uma vida saudável e com os seus direitos respeitados,” precisou o ministro da Saúde.
LUSA/HN
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