O VIH consegue, por vezes, chegar ao cérebro, podendo manter-se neste órgão durante décadas e induzir o declínio das funções cognitivas, como memória, raciocínio, julgamento, resolução de problemas e concentração.
A terapêutica antiviral existente no mercado “não tem em conta este aspeto e não atravessa eficientemente as paredes das artérias que irrigam o cérebro (a chamada barreira hematoencefálica). Esta barreira é pouco permeável a medicamentos. Ao mesmo tempo que mantém o cérebro protegido de agentes externos, é um obstáculo quando é necessário que a medicação atravesse essa “fortaleza”, impedindo o tratamento eficaz dos distúrbios neurocognitivos causados pelo VIH”, lê-se no comunicado de imprensa.
No IMM, diz Miguel Castanho, já foram “capazes de desenvolver moléculas capazes de atravessar a barreira hematoencefálica e, assim, chegar ao cérebro”. O investigador principal do iMM e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa acrescenta que, ao mesmo tempo, foi possível desenvolver moléculas com capacidade antiviral. “Ao juntarmos ambas, conseguimos obter moléculas conjugadas capazes de ultrapassar os desafios no combate às doenças causadas por vírus que afetam o cérebro. Em particular, no caso do VIH, mostrámos que três destas conjugações são eficazes a atravessar a barreira hematoencefálica e têm atividade antiviral contra o VIH”, explica.
A eficácia destas moléculas contra outros vírus que afetam o cérebro (Dengue, Zika e SARS-CoV-2) está atualmente em estudo.
PR/HN/Rita Antunes
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