Depois de membros do CIP entrarem em contacto com a rede de falsificação, os testes “foram emitidos pelo Hospital Geral José Macamo – uma das maiores e mais importantes unidades sanitárias do país – a favor dos cinco pesquisadores” da ONG, que alegaram precisar de viajar além-fronteiras, para a África do Sul, expõe hoje a organização num comunicado.
Cada certificado custou 1.500 meticais (21 euros) e são iguais aos autênticos, “excetuando o facto de que os seus titulares não foram submetidos a testes”, lê-se no documento em que o CIP mostra como os obteve.
Todo o processo foi tratado através de telefonemas e mensagens na plataforma Whatsapp, através da qual foram partilhados os documentos dos compradores – a ONG mostra um guião passo-a-passo com imagens de ecrã de telemóvel dos diálogos mantidos.
O pagamento foi feito através de uma aplicação móvel e 24 horas depois os certificados estavam prontos para levantamento naquele hospital público nos subúrbios de Maputo.
As unidades públicas fazem uma parte dos testes à Covid-19 no país, havendo também muitos realizados noutros circuitos, por laboratórios privados de empresas internacionais a operar no país.
No caso dos certificados falsos obtidos pelo CIP no Hospital Geral José Macamo, cada qual tem um código QR que abre na Internet uma confirmação de autenticidade com o logotipo e outros dados do Ministério da Saúde moçambicano.
Os cinco investigadores do CIP receberam ainda “mensagem de texto (SMS) do Instituto Nacional de Saúde, confirmando que os resultados dos testes à covid-19 tinham sido negativos”.
Segundo a organização, a situação representa um risco para a saúde pública.
Por outro lado, “a corrupção estrutural que afeta as instituições públicas descredibiliza o Estado moçambicano e fortifica a narrativa dos países ocidentais que logo nos primeiros sinais do aparecimento da nova variante Ómicron procuraram fechar as suas fronteiras a países como Moçambique”.
Desde 2020 que as autoridades de saúde admitiram existir casos de falsificação de testes e o CIP “estranha que após várias denúncias o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) não tenha investigado os casos e apresentado ao público esclarecimentos do caso”.
Moçambique tem um total acumulado de 1.941 mortes e 152.326 casos de Covid-19, dos quais 98% recuperados da doença e oito internados.
O número de casos está a subir desde a primeira semana de dezembro, mas sem aumento de internamentos ou registo de mortes nos números oficiais – o último óbito associado à Covid-19 foi registado no dia 28 de novembro.
LUSA/HN
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