Estados alemães pedem ação a Scholz para travar grupos antivacinas

16 de Dezembro 2021

Os ministros do Interior dos estados alemães receiam uma radicalização dos movimentos contra a vacinação e pediram ao Governo federal para agir face à descoberta de uma conspiração no Leste da Alemanha com planos de ataques.

“Os pensamentos são seguidos de palavras e as palavras são seguidas de atos”, avisou o ministro do Interior do estado da Baixa Saxónia (noroeste da Alemanha), Boris Pistorius, em declarações à televisão ZDF citadas hoje pela agência de notícias espanhola EFE.

Pistorius disse que a experiência dos últimos anos já demonstrou aquilo a que pode levar a “radicalização dos movimentos de protesto” contra as vacinas, que são infiltrados por elementos de extrema-direita, defendendo que o Governo do novo chanceler, Olaf Scholz, deve agir para resolver o problema.

“Não podemos não levar estas mensagens a sério”, disse Pistorius, membro do Partido Social-Democrata (SPD), a mesma força política do chanceler Olaf Scholz e da ministra do Interior do seu governo, Nancy Feaser.

As declarações de Boris Pistorius estão em linha com alertas e pedidos que têm sido feitos pelos seus homólogos nos estados federados (Länder, em alemão) onde a extrema-direita é mais forte, como a Turíngia e a Saxónia, no Leste do país.

Os movimentos antivacinas contra a Covid-19 têm vindo a convocar manifestações na Alemanha há meses, mas, nas últimas semanas, a contestação foi feita em múltiplas marchas de centenas de pessoas em diferentes partes do país, em vez de grandes comícios num único local.

Segundo o ministro do Interior da Turíngia, Geor Meier, esta mudança indica uma “diversificação do movimento”, que está a tornar-se cada vez mais radicalizado e menos transversal.

As forças de segurança efetuaram uma série de buscas coordenadas na Saxónia na quarta-feira, depois de ter sido descoberto um plano para alegadamente assassinar o seu primeiro-ministro conservador, Michael Kretschmer.

A Saxónia, onde o partido nacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita) foi a força mais popular nas últimas eleições gerais, foi um dos estados mais duramente atingidos pela pandemia.

É também o estado que tem a percentagem mais baixa de população vacinada – 62,1% dos seus cidadãos estão totalmente vacinados, em comparação com a média nacional de 70%.

A conspiração contra Kretschmer fez soar o alarme no país e recordou o assassinato, em 2019, de Walter Lübcke, um político local da União Democrática Cristã (CDU) empenhado em acolher refugiados, que foi morto a tiro na sua casa por um neonazi.

O Ministério Público de Dresden, a capital da Saxónia, abriu um processo contra seis pessoas, cinco homens com idades compreendidas entre os 32 e os 64 anos e uma mulher de 34 anos, por alegadamente planearem “um grave ato de violência destinado a subverter a ordem do Estado”.

Os seis suspeitos, disseram fontes do Ministério Público na quarta-feira, citadas pela EFE, integram um grupo na plataforma de mensagens Telegram, cujos membros “estão unidos pela sua rejeição das vacinas, do Estado e das medidas anticovid em vigor”.

Os alegados planos do grupo foram revelados em 08 de dezembro, pela emissora pública ZDF, que teve acesso a mensagens de voz nas quais os suspeitos afirmavam possuir armas de fogo e estar dispostos a sacrificar-se para atingir os seus objetivos.

A ministra do Interior federal anunciou, no passado fim de semana, a intenção de endurecer a lei contra o discurso do ódio nas redes sociais para incluir aplicações de mensagens como a Telegram, que seria obrigada a denunciar conteúdos potencialmente criminosos às autoridades.

A pandemia de Covid-19 matou 107.202 pessoas na Alemanha, em mais de 6,7 milhões de casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença respiratória.

A nível mundial, morreram mais de 5,2 milhões de pessoas desde que o coronavírus foi detetado na China, no final de 2019, de acordo com um balanço da agência de notícias France-Presse (AFP).

LUSA/HN

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