Ativistas alertam para falta de proteção nos centros de refugiados na Turquia

21 de Abril 2020

Istambul, Turquia, 21 abr 2020 (Lusa) – Organizações não-governamentais (ONG) e coletivos de advogados alertaram hoje para a falta de medidas de proteção contra o novo coronavírus nos centros de acolhimento de refugiados na Turquia, locais onde já foram detetados vários casos da doença covid-19.

Istambul, Turquia, 21 abr 2020 (Lusa) – Organizações não-governamentais (ONG) e coletivos de advogados alertaram hoje para a falta de medidas de proteção contra o novo coronavírus nos centros de acolhimento de refugiados na Turquia, locais onde já foram detetados vários casos da doença covid-19.

Um dos alertas surgiu da ONG turca Mülteci-Der que lembrou o nível de fragilidade física dos refugiados acolhidos nestes centros, pessoas, segundo frisou a organização, passaram recentemente vários dias ao relento na fronteira greco-turca, depois de Ancara ter anunciado, em final de fevereiro, que ia ‘abrir as portas’ (as suas fronteiras) para permitir a passagem a todas as pessoas que desejassem chegar à Europa, nomeadamente à zona da União Europeia (UE).

Após o anúncio do Governo turco, milhares de pessoas convergiram para a fronteira terrestre greco-turca.

As fronteiras seriam novamente fechadas após o surgimento de casos de covid-19 na Turquia e os migrantes foram encaminhados para vários centros de acolhimento.

“Estas pessoas, cuja resistência física diminuiu devido a estas condições, constituem um grupo frágil para a epidemia”, avisou a ONG turca, realçando a “assistência médica muito limitada” verificada nos centros de acolhimento.

E reforçou: “Grupos de refugiados dividem um quarto e é fácil a propagação do vírus”.

A Comissão de Migração e Refugiados da Ordem dos Advogados de Esmirna (cidade turca situada na costa do mar Egeu) divulgou, por sua vez, um relatório que indica que pelo menos 30 refugiados e um guarda foram diagnosticados com a doença covid-19 num centro de acolhimento localizado naquela cidade (oeste da Turquia).

O documento refere que este centro recebeu há cerca de duas semanas migrantes que tinham estado acampados junto à fronteira entre a Turquia e a Grécia.

“Os migrantes não foram colocados em quarentena em locais separados, mas foram alojados como fossem antigos utentes”, denunciou o coletivo de advogados, que também alertou para a falta de condições de higiene nestes centros de acolhimento.

As autoridades locais da província de Esmirna negaram, entretanto, as acusações de falta de medidas de proteção e de prevenção para impedir a propagação do vírus, admitindo, porém, a existência de casos positivos naquele centro, sem dar mais pormenores.

“Foram realizados testes aos cidadãos estrangeiros e aos funcionários depois da deteção de um caso positivo num cidadão estrangeiro que foi admitido num hospital em 15 de abril”, informaram as autoridades locais, num comunicado.

A Turquia conta atualmente com 24 centros de acolhimento de migrantes com uma capacidade total de 16 mil pessoas.

Várias ONG de defesa dos direitos humanos também têm pedido medidas de proteção contra o novo coronavírus, bem como para as respetivas consequências económicas e sociais, para os cerca de quatro milhões de refugiados que a Turquia acolhe atualmente.

Dos quase três milhões de refugiados sírios em idade ativa que vivem atualmente na Turquia, apenas cerca de 80.000 têm autorização para trabalhar.

Para impedir a propagação do vírus, o Governo turco ordenou o encerramento de cafés, bares, restaurantes e de outros tipos de comércio, medida que, segundo alertaram as ONG, pode afetar economicamente milhares de famílias de refugiados que trabalham sem um contrato de trabalho.

A Turquia regista até à data 90.980 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, incluindo 2.140 vítimas mortais.

A nível global, o novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 170 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 558 mil doentes foram considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Lusa/HN

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