Tabagismo explica diferença na mortalidade entre homens e mulheres em Espanha

4 de Maio 2020

Dados de um estudo realizado por investigadores da Universitat Oberta de Catalunha mostram que "o tabaco é uma das razões pelas quais há mais vítimas masculinas do que femininas do vírus na Espanha"

O uso do tabaco tem impacto nas consequências da infeção provocada pelo SARS-CoV-2. Os dados indicam que “o tabaco é uma das razões pelas quais há mais vítimas masculinas do que femininas do vírus na Espanha”, referem os investigadores Javier C. Vázquez, do Neurocampus de Bordeaux, e Diego Redolar, da Universitat Oberta de Catalunha (UOC). Mais de 30% das pessoas falecidas tinham doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte na Espanha (28% em 2018) e 10% dessas doenças são consequência do tabagismo.

Como confirmou a análise de Redolar, vice-diretor de investigação do grupo de Estudos em Ciências da Saúde, do grupo Cognitive NeuroLab da UOC, e Javier C. Vázquez, investigador do Departamento de Neurociência da Universidade de Bordeaux, embora homens e mulheres estejam infetados por Covid-19 em percentagens semelhantes na Espanha, a mortalidade – em 5 de abril – foi maior nos homens (cerca de 8%) do que nas mulheres.

“É uma evidência que sugere que as diferenças de género têm a ver com padrões como a prevalência do tabagismo”, esclarece o pesquisador da UOC. Segundo dados de 2017, em Espanha mais de 25% dos homens e cerca de 18% das mulheres são fumadores.

Os investigadores, que publicaram o estudo na revista científica “Tobacco Induced Diseases” acrescentam que é necessário ter em consideração dados biológicos, como o tabagismo, que podem regular a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) que, entre outras funções, influencia a pressão sanguínea.

Essa enzima funciona como porta de entrada para as células de alguns coronavírus. Assim, o SARS-CoV-2 liga-se aos recetores ACE2 nas vias aéreas inferiores dos pacientes infetados, para entrar nos pulmões. “Os dados existentes sugerem que pacientes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) ou com tabagismo têm um risco aumentado de infeção grave por Covid-19, pois a expressão da ACE2 aumenta nas vias aéreas mais fracas, como as deste tipo de paciente ”, confirmam os investigadores. Estas conclusões foram confirmadas em ratos de laboratório.

Tendo em vista a relação entre tabaco e coronavírus, os investigadores demonstram preocupação com a falta de dados que permitam um melhor estudo da relação entre tabagismo e a pandemia. “Em Espanha, não temos dados sobre o hábito de fumar em pacientes com Covid-19”, esclarecem Redolar e Vázquez, que sugerem que os dados sobre tabagismo sejam registados, e partilhados, em todos os casos identificados de Covid-19.

Além disso, os investigadores sugerem que é necessário promover campanhas para reduzir o tabagismo no contexto atual e também intervenções eficazes, como aumentar a carga tributária do tabaco e melhorar os programas que ajudam a parar de fumar.

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AlphaGalileo/AO

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