Optometristas apelam para cuidados da visão integrados no SNS e acessíveis às populações envelhecidas

23 de Janeiro 2022

A Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) apela a que se assegure o acesso aos cuidados de saúde da visão à escala global, particularmente em países mais envelhecidos, com graves limitações no acesso e sem estratégia direcionada para estes cuidados.

“Portugal é o segundo país do mundo com média de idade mais elevada e por isso deve preparar-se para os desafios do envelhecimento e o consequente aumento das condições e doenças características desta faixa etária, como é o caso dos problemas de visão e oculares. Melhorar a saúde ocular no contexto de uma população envelhecida deve ser uma prioridade das principais entidades de saúde e decisores políticos”, adverte Raúl de Sousa, presidente da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO), que integra um painel de especialistas em saúde da visão que assinam o estudo “Grandes Desafios Globais da Saúde da Visão: processo de priorização global utilizando o método de Dephi”, publicado este mês na revista científica “The Lancet Healthy Ageing”.

Com o “envelhecimento da população global, a necessidade de serviços de saúde da visão continuará a aumentar, particularmente no contexto de desigualdade generalizada no acesso e limitações de recursos e inadequado planeamento da força de trabalho na área dos cuidados para a saúde da visão no SNS. Foi desenvolvida uma lista global e listas regionais de Grandes Desafios para a Saúde da Visãol para uso imediato, e informando os Ministérios da Saúde sobre a estratégia necessária no investimento em cuidados de saúde da visão, pesquisa e inovação”, refere o estudo.

Desenvolvido com o objetivo de identificar os principais desafios e questões prioritárias, o mais recente trabalho de investigação sobre cuidados de saúde da visão foi desenvolvido pela The Lancet Global Health Commission on Global Eye Health, com a participação de uma comissão de especialistas mundiais.

Participaram 336 profissionais de 118 países, representando diferentes disciplinas em saúde pública e saúde da visão, incluindo ministros da Saúde, especialistas na prática clínica, gestores de serviços de cuidados para a saúde da visão e investigadores.

Em representação de Portugal, participaram no estudo Helena P. Filipe, João Barbosa-Breda (Universidade do Porto) e Raúl de Sousa, identificando temáticas e os desafios proeminentes que devem marcar a agenda dos principais decisores do setor da saúde à escala nacional e internacional.

“Os problemas de saúde da visão aumentam com a idade, prevê-se que o número de pessoas que necessitam de cuidados para a saúde da visão aumente nas próximas décadas, excedendo os recursos atuais. Por exemplo, apesar das reduções na prevalência padronizada por idade da cegueira e deficiência visual, o número de pessoas a viver com perda de visão deve atingir os 1,8 mil milhões até 2050”, lê-se no estudo.

Os especialistas consideram prioritário incentivar “os governos a priorizar a prestação de serviços de cuidados para a saúde da visão, centrados nas pessoas, assegurando Cobertura Universal de Saúde; identificar e implementar estratégias para melhorar a qualidade, produtividade, equidade e acesso à cirurgia de catarata; desenvolver e implementar estratégias baseadas em evidências para a efetiva integração dos cuidados para a saúde da visão, desde os cuidados de saúde primários até aos cuidados hospitalares, melhorando as vias de referenciação”, segundo o comunicado da APLO.

PR/HN/Rita Antunes

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