ONG apresenta República do Congo como “um deserto médico”

23 de Fevereiro 2022

Uma organização congolesa de defesa dos direitos humanos publicou esta quarta-feira os resultados de um inquérito que descreve a República do Congo como um "deserto médico", onde os cuidados de saúde são considerados "pobres" devido à pobreza das infraestruturas.

As conclusões do Centro de Ação para o Desenvolvimento (CAD) baseiam-se no trabalho realizado ao longo de quase um ano junto das estruturas sanitárias do país.

“O Congo é um deserto médico que cobre 342.000 quilómetros quadrados (área de superfície do país). Os serviços de saúde são tão pobres que as nossas autoridades vão para o estrangeiro para receber tratamento. Eles têm consciência de que os nossos hospitais são pobres”, afirma Trésor Nzila, diretor executivo do CAD, citado no relatório.

“As nossas autoridades não estão a fazer nada para melhorar a situação sanitária. No Congo, não se pode estar doente se não se tem dinheiro, porque morre-se”, afirma ainda.

A prestação de cuidados de saúde é perigosa na cidade, nas zonas periurbanas e nas zonas rurais, segundo a ONG, que denuncia estar a ser praticada “uma violação do direito à saúde”.

“No centro de saúde integrado de Goma Tsé-Tsé [um distrito localizado 20 quilómetros a sul de Brazzaville], os doentes são tratados em esteiras ou tangas. Este centro não tem uma ambulância”, afirma Nzila.

As autoridades congolesas não reagiram ainda ao relatório da ONG, que foi colocado online assim que foi publicado.

Em dezembro de 2021 e em janeiro último, foram inaugurados dois hospitais gerais, um em Brazzaville e outro em Pointe-Noire (sul do Congo), com uma capacidade de 200 camas cada.

Em setembro de 2021, a organização não-governamental congolesa “Publish what you pay” denunciou a má utilização dos fundos previstos em 2019 para investimento no setor da saúde pelo Governo.

Num relatório intitulado “Em que foi utilizado o orçamento para investimento público do Ministério da Saúde em 2019?”, a ONG afirmou ter realizado investigações no terreno em 35 projetos (de um total de 77) relacionados principalmente com a construção de infraestruturas de saúde.

Estes projetos foram orçamentados em 9,6 mil milhões de francos CFA (mais de 14,6 milhões de euros), mas nenhum projeto foi totalmente concluído, acusou a ONG.

LUSA/HN

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