Kiev fala de resistência “feroz”, mas situação agrava-se no sul

9 de Março 2022

As forças ucranianas estão a reforçar as defesas nas principais cidades, "numa altura em que o avanço da Rússia enfrenta uma resistência feroz", disse esta quarta-feira o comando geral da Ucrânia citado pela Associated Press.

A cidade portuária de Mariupol continua cercada pelas forças russas agravando-se a crise humanitária.

Uma nota do comando geral das Forças Armadas ucranianas refere que estão a ser construídas defesas nas cidades do norte, do sul e do leste da Ucrânia sendo que em Kiev a resistência ucraniana “está a manter posições”.

O comando geral das Forças Armadas da Ucrânia não forneceu mais detalhes sobre o esquema de defesa.

Na cidade de Chernihiv, no norte do país, as forças russas estão a colocar equipamento nas zonas residenciais, em quintas e em outras instalações agrícolas, refere o mesmo comunicado.

No sul, acusam as Forças Armadas de Kiev, soldados russos “vestidos com roupas civis” estão a avançar contra a cidade de Mykolaiv.

Na capital voltaram a soar dois alertas indicando um ataque de mísseis russos tendo os habitantes procurado segurança nos refúgios.

Os alertas em Kiev são comuns mas irregulares obrigando a população civil a um estado de tensão permanente.

Oleksiy Kuleba, administrador regional de Kiev disse à AFP que a crise humanitária está a agravar-se na capital, nomeadamente nas zonas periféricas.

“A Rússia (…) está a frustrar a retiradas de pessoas ao manter os bombardeamentos contra pequenas comunidades (nos arredores da cidade)”, disse o responsável local ucraniano.

Desde terça-feira que as Nações Unidas indicam que o número de refugiados ucranianos é superior a dois milhões.

Nos últimos dias, o assédio das forças de Moscovo contra várias cidades ucranianas impediram o estabelecimento de corredores humanitários para a retirada de civis.

Mesmo assim, e segundo as autoridades ucranianas, na terça-feira foi possível retirar cerca de cinco mil pessoas de Sumy, entre os quais 1.700 estudantes estrangeiros.

A região urbana de Sumy é habitada por 250 mil pessoas.

O mesmo corredor humanitário reabriu hoje de manhã e deve manter-se durante as próximas horas contando com o apoio de autocarros que estão a ser enviados da cidade de Poltava, disse o responsável administrativo local, Dmytro Zhyvytskyy.

Na operação de retirada está a ser dada prioridade a mulheres grávidas, mulheres com crianças, idosos e a pessoas com deficiência.

No sul, as tropas russas avançam na zona de costa tentando estabelecer ligações com a Península da Crimeia, ocupada desde 2014.

Na cidade cercada de Mariupol, onde vivem cerca de 430 mil pessoas, a situação tem vindo a agravar-se desde o início da invasão russa.

De acordo com a AP, em Mariupol, há corpos nas ruas da cidade, que começa a ser atingida pela fome e a falta de água.

A população é obrigada a derreter neve para conseguir água e a procura de alimentos faz aumentar o perigo de exposição dos civis na cidade portuária ucraniana.

Até terça-feira, a retirada de civis foi impedida pelos ataques de artilharia russa.

“Trata-se de uma situação catastrófica”, disse Iryna Vereshchuk, vice-primeira ministra da Ucrânia referindo-se aos ataques russos contra os corredores humanitários, na terça-feira.

As autoridades de Mariupol admitem que podem vir a ser obrigados a enterrar os mortos em valas comuns.

Na cidade, além dos problemas relacionados com a distribuição de água não há eletricidade e aquecimento, os sistemas de esgoto bloquearam e não funcionam as redes de comunicações telefónicas.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

MAIS LIDAS

Share This