Num comunicado, a ONU conta o caso de um jovem para ilustrar que nos últimos anos mais de seis milhões de venezuelanos abandonaram o seu país, fugindo da crise política, económica e social.
“Leo Medina foi diagnosticado nos anos 90 e tinha a doença sob controle, mas ficou sem tratamento, nos últimos anos, por causa da escassez de medicamentos, de alimentos e dos efeitos das crises na economia venezuelana. A situação só melhorou após família se refugiar na Guatemala”, explica a ONU num comunicado de imprensa.
O documento explica que “o adolescente Leo Medina foi diagnosticado com esquizofrenia, recebia os medicamentos e mantinha a doença controlada, mas com a crise política agravada no governo de Nicolás Maduro, foi ficando mais difícil continuar o tratamento”.
“Faltavam medicamentos, alimentos e sobravam dívidas. Os pais de Leo, Héctor e Yesmaira, foram cortando as doses que se resumiam a quatro comprimidos por dia. Com os medicamentos no fim, começou a ter várias crises, entrou em depressão e perdeu o trabalho”, explica a ONU.
O jovem “recorda que perdeu a alegria de viver na Venezuela, assim como outros 6 milhões de venezuelanos que tiveram que fugir para o exterior nos últimos anos, deixando tudo para trás”, sublinha.
Segundo a ONU, “quando os pais de Leo conseguiram escapar da crise para a Guatemala, o jovem conta que passou um ano e meio numa situação de saúde mental precária. Ali, no novo país, os médicos decidiram reexaminar o caso e alteraram o diagnóstico de esquizofrenia para desordem bipolar”.
Hoje, Leo Medina, tem 36 anos, e recorda que após iniciar o tratamento a sua vida começou a melhorar. A “família, que já era empresária na Venezuela, abriu um novo negócio no país centro-americano, uma microempresa de doces venezuelanos, na garagem da casa”, nas proximidades da Cidade de Guatemala.
Segundo o documento, “a saúde mental de refugiados é um tema ainda pouco explorado em debates internacionais” e “os traumas vividos por crianças e jovens obrigados a fugir de suas casas por causa de conflitos e guerras deixam marcas por um longo espaço de tempo”.
“Um outro drama humano são os tratamentos interrompidos contra doenças graves em momentos de crises políticas e mudanças abruptas na economia e no tecido social de nações inteiras”, explica o ONU.
Segundo o ACNUR, “as pessoas deslocadas por conflitos, violência, guerras e perseguições têm mais dificuldade para recuperar de problemas de saúde mental”.
Em 2019, um estudo da publicação especializada The Lancet mostrou que o “fardo das desordens mentais é mais pesado em pessoas que vivem em conflito”.
Entretanto, uma pesquisa da Plos Medicine sublinha que os “refugiados adultos e requerentes de asilo têm taxas mais altas e persistentes de stresse pós-traumático e depressão”.
O ACNUR está a atuar para tornar o apoio psicossocial e a saúde mental parte integrante do seu trabalho.
LUSA/HN
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