A manhã da líder bloquista, Catarina Martins, começou com uma viagem de elétrico entre o Calvário e a Praça do Comércio, em Lisboa, uma ação sobre a gratuitidade dos transportes públicos que incluiu declarações aos jornalistas em frente à Câmara de Lisboa com muitas críticas dirigidas ao seu presidente, Carlos Moedas.
“Nós temos aqui um problema na cidade de Lisboa. É que houve uma bandeira que foi de vários partidos de um caminho para a gratuitidade dos transportes públicos. O BE foi o único que apresentou proposta e Carlos Moedas está a bloquear o seu agendamento e não apresenta, entretanto, nenhuma proposta alternativa. Já lá vão mais de quatro meses desde que o BE apresentou a sua proposta, não aparece nada”, criticou a líder bloquista.
Questionada sobre o episódio na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa desta semana, na qual Carlos Moedas acusou o BE de o diabolizar e de falar sobre si com um “ódio visceral”, Catarina Martins considerou que foi “tudo tão destemperado”, mas desvalorizou: “acho que toda a gente tem maus momentos. Foi seguramente só isso”.
Sobre se esta ação foi uma resposta a esse episódio, a líder do BE respondeu que esta iniciativa já estava combinada antes.
“O Bloco de Esquerda entrega a proposta [da gratuitidade dos transportes públicos] a 13 de dezembro. O regimento da câmara diz que passado três reuniões ela é agendada. Passaram 15 e não foi agendada”, justificou.
Por isso, Catarina Martins disse não saber “se o destempero do senhor presidente da câmara é porque sabe que não está a cumprir o regimento da própria autarquia e porque sabe que não está a cumprir sequer a sua promessa eleitoral”.
“Porque já fez um orçamento, já lá vão vários meses de mandato e não deu um único passo para a gratuitidade dos transportes coletivos”, acusou.
De acordo com a líder bloquista, o seu partido “faz oposição e constrói soluções” e na Câmara de Lisboa “isso é óbvio”, bastando “ver tanto as propostas que o BE fez como as suas votações”, mas defendeu que “as promessas eleitorais são para cumprir”.
Questionada sobre se o BE vai apoiar a proposta do executivo – que Carlos Moedas prometeu na terça-feira que será apresentada para a próxima semana – Catarina Martins começou por responder que “o único problema é que não há proposta”.
“Nós claro que estamos disponíveis, como já apoiamos no passado outras propostas que eram boas. Se fizermos uma análise do mandato de Carlos Moedas, até agora nenhuma das suas bandeiras eleitorais teve proposta ou consequência”, reiterou.
“Carlos Moedas tem tido um problema de afirmação do seu projeto político na Câmara Municipal de Lisboa. Nenhuma das suas bandeiras eleitorais foi para a frente até agora e tem eventualmente uma relação mais difícil com a Assembleia Municipal, mas isso é um problema do presidente da câmara. O Bloco de Esquerda faz o seu trabalho”, apontou.
Mas não é só em Lisboa que o BE quer que este caminho, defendendo que isto deve acontecer no resto do país.
“Vivemos num momento em que há uma crise de combustíveis com os preços a aumentarem, mas também vivemos num momento da crise climática. E, portanto, em todo o país tem de ser uma prioridade aumentar o número de transportes coletivos, melhorar a sua qualidade e fazer o caminho para que sejam mais baratos e isso é muito importante”, concluiu.
LUSA/HN
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