“O Partido Socialista foi abertamente contra uma cooperação entre o público e o privado, apostando mais no público. Aquilo que nós temos neste momento é um serviço público completamente degradado”, frisou o presidente do PSD em declarações à comunicação social, em Maputo, no último dia de uma visita a Moçambique.
“Há cada vez menos recursos humanos no serviço público: os médicos tendem a ir para o privado, porque não têm recursos”, o que provoca “estes problemas que agora estamos a ver de falta de capacidade de resposta”, sustentou Rui Rio.
Além da “grave degradação” do SNS, a saída de profissionais do setor público para o privado tem também consequências a médio prazo, nomeadamente na falta de médicos capazes de formar novos profissionais que queiram entrar para o setor público, acrescentou.
Para Rui Rio, “o PS está a criar um problema gravíssimo”, uma vez que Portugal atravessa um período marcado por uma “ausência de políticas estruturadas” no setor de saúde.
“Não há efetivamente capacidade de organização e de planeamento(…). Está praticamente tudo mal e sem rumo, com um complexo de ordem ideológica”, frisou, esclarecendo que o PSD não está a defender que se privilegie o setor privado, mas sim a definição de uma estratégia para um serviço público de qualidade em Portugal.
“Eu quero um serviço público de qualidade e aquilo que está a acontecer é um serviço público sem qualidade, com as pessoas a serem empurradas para o privado”, concluiu.
A falta de médicos em vários hospitais do país tem levado nos últimos dias ao encerramento de urgências de obstetrícia ou a pedidos aos centros de orientação de doentes urgentes (CODU) de reencaminhamento de utentes para outros hospitais.
Na segunda-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou que vai ser posto em prática “um plano de contingência” entre junho e setembro para procurar resolver a falta de médicos nas urgências hospitalares do país.
Rui Rio terminou ontem uma visita à África do Sul (quinta e sexta) e Moçambique (onde está desde sábado), para assinalar o Dia de Portugal junto das comunidades portuguesas, uma viagem que esteve marcada para 2020, mas foi adiada devido à Covid-19.
No último dia de agenda pública, o presidente do PSD apresentou cumprimentos à presidente da Assembleia da República de Moçambique, Esperança Bias, e defendeu um reforço dos intercâmbios parlamentares.
Encontrou-se ainda com associações portuguesas em Maputo e visitou a Universidade Eduardo Mondlane, destacando o estreitamento de relações entre os dois países.
LUSA/HN
0 Comments