Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia lança alerta sobre a colangite biliar primária

12 de Setembro 2022

Neste Dia Internacional da Colangite Biliar Primária (CBP), a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia reforça a mensagem da importância do diagnóstico e tratamento precoce desta doença silenciosa, rara e crónica que atinge cerca de mil doentes em Portugal.

A realização de análises para deteção precoce da colangite biliar primária é essencial para evitar uma doença hepática crónica irreversível, como a cirrose e o cancro do fígado.

A CBP é uma doença do fígado caracterizada pela destruição lenta e progressiva dos pequenos ductos biliares dentro do fígado. É uma patologia de natureza autoimune, uma vez que tem origem numa reação imunológica anormal, em que o corpo ataca uma parte normal do seu próprio organismo – neste caso, os ductos biliares –, levando à sua destruição. Os ductos biliares são responsáveis por permitir o fluxo de bile do fígado. A sua destruição leva à má drenagem de ácidos biliares. Assim, os ácidos biliares extravasam os ductos biliares, resultando na lesão das células circundantes do fígado, o que causa inflamação e pode levar, posteriormente, ao aparecimento de cicatrizes no fígado.

O seu diagnóstico tem aumentado ao longo das últimas décadas. Não se sabe, no entanto, se isso está associado a um aumento da incidência da doença ou ao fato de os médicos estarem mais alerta para apresentação e diagnóstico.

É uma doença que afeta sobretudo mulheres (9 a 10 mulheres por cada homem afetado), geralmente entre os 40 e os 60 anos de idade.

A maioria dos doentes não tem sintomas na fase inicial da doença. Quando estes se desenvolvem, os mais frequentes são a fadiga (cansaço) e o prurido (comichão).

Guilherme Macedo, presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, esclarece que “o diagnóstico de CBP resulta, em grande parte dos casos, de uma avaliação de rotina (ALT, fosfatase alcalina e GGT). Esta suspeita é geralmente feita pelo Médico de Família, que posteriormente encaminha o doente para um especialista em doenças do fígado, o Gastrenterologista”. O especialista alerta que, por se tratar de uma doença silenciosa, não se deve aguardar pelos sintomas.

Esta doença não tem cura, mas o tratamento permite estabilizá-la durante vários anos. Contudo, nem todos os doentes respondem. As novas terapêuticas, como o ácido obeticólico e os fibratos, podem ser úteis neste grupo de doentes.

PR/HN/RA

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