A investigação clínica ganhou luz esta terça-feira através da mesa-redonda “Investigação clínica em Medicina Interna”. O painel constituiu uma das múltiplas sessões integrantes do 28.º Congresso Nacional de Medicina Interna. Como seria de esperar, a busca pelo conhecimento através da ciência foram o mote da atividade.
Os oradores presentes elaboraram as suas intervenções estruturando-se mediante uma visão favorável da investigação científica e a sua aplicação no âmbito da especialidade Medicina Interna. José Mariz afirmou a sua importância alegando que “a Medicina Interna como grande corpo de atuação e saber na Medicina no geral, não deve ficar presa a metodologias não-científicas, ou acientíficas, e igualmente não deve ficar dependente ou passiva ao desenvolvimento científico em outras áreas”.
Natália Marto juntou-se a José Mariz e explicaram que é possível conciliar a investigação com a prática clínica em Medicina Interna. “Neste fórum quer-se abordar a investigação clínica como podendo fazer parte da atividade do internista, não só enquanto investigador em ensaios clínicos promovidos pela indústria farmacêutica (onde a Medicina Interna oferece riquíssimas e variadas oportunidades de recrutamento de doentes), mas também enquanto iniciador de estudos observacionais e ensaios clínicos”, afirmou a oradora.
Por sinal, Emília Monteiro lembrou que é a investigação científica a responsável pela evolução da prática da Medicina ao longo dos anos e que, infelizmente, é ainda deficitária e de frágil investimento em Portugal: “As unidades de saúde portuguesas estão muito aquém do que fazem instituições em países europeus de dimensão semelhante a Portugal em termos de investigação clínica.” Por este motivo, a sua apresentação centrou-se em soluções para a problemática tendo por base três objetivos estruturantes:
- Criar atratividade no investimento da investigação nas unidades de saúde;
- Não depender de decisões top-down e do financiamento do SNS para investigar;
- Apresentar soluções e motivar os internistas a criarem eles próprios atividades que resultem em inovações na saúde.
Também Nuno Bernardino Vieira afirmou que “a promoção e o desenvolvimento da Investigação nos serviços de Medicina Interna é talvez uma das maiores limitações que temos atualmente a nível nacional”, acreditando que é “unânime que nós, internistas, investigamos pouco, e são muitas as razões para isso. A maior delas será provavelmente a elevada carga assistencial que temos no nosso dia a dia, bem como a falta de incentivo e investimento pelas chefias para que sejam dadas as condições para o desenvolvimento da Investigação nos serviços”.
No entanto, explicou que “a investigação clínica desempenha um papel fundamental na criação de conhecimento e na implementação de boas práticas, que podem contribuir para a disseminação de uma cultura de inovação e desenvolvimento (I&D) nos nossos serviços, que aliado aos programas de formação de qualidade, irão conduzir à melhoria franca dos cuidados que prestamos aos nossos utentes”.
Sendo coordenador do Centro de Formação em Medicina Interna, o orador abordou o que está a der desenvolvido em termos de formação para a promoção da Investigação Clínica, tendo esperado “criar um espaço de discussão e deixar perguntas no ar que possam ser desafiantes para os serviços de Medicina Interna”.
28º CNMI/HN
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