Clementina Almeida Psicóloga clínica com especialidade em bebés Doutorada pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

COMO AJUDAR A DIMINUIR A ANSIEDADE DO SEU FILHO

10/17/2022

Na época que estamos a viver, é natural que mesmo as crianças que não são naturalmente ansiosas comecem a exibir alguns sinais de ansiedade. O apoio dos pais ​​é muito importante durante períodos de stress. Mesmo que se sinta stressado também, é importante reservar um tempo para tranquilizar as crianças e passar tempo com elas.

O que é importante fazer?

Assim, e de forma mais genérica, é importante manter as rotinas, em particular muito importantes para as crianças mais pequeninas. Mesmo depois das rotinas habituais quebradas, criar novas ou restabelecer rotinas habituais pode ajudar as crianças a ficarem mais seguras e menos ansiosas. Por exemplo, manter os horários das refeições, das sestas e da hora de ir para a cama é importante.

Agora vamos ao tema da ansiedade propriamente dita. Quando as crianças estão ansiosas, geralmente sentem uma resposta do tipo luta, fuga ou congelamento, que é uma reação fisiológica em resposta a algo que a sua mente é interpretado como assustador.

Algumas crianças experimentam ansiedade mais do que outras. Cerca de 15 a 20% das crianças nascem com um temperamento mais ansioso (a parte da amígdala do cérebro é mais reativa a novos estímulos desde o início, sendo que a amígdala é tipo o “cão de guarda” do nosso cérebro que está sempre atento a ver se estamos a salvo ou não).

Ou seja, o que se passa dentro do seu corpo é o seguinte: sistema nervoso simpático do corpo é ativado, desencadeando a libertação de adrenalina e noradrenalina, o que por sua vez aumenta a frequência cardíaca, a pressão arterial e a frequência respiratória. Após a ameaça ter desaparecido, demora cerca de 20 a 60 minutos para o corpo voltar aos níveis normais.

O que vemos por fora são os seus  comportamentos, que podem variar entre gritar, tremer, fugir, ficar especialmente caladas, fazer disparates, esconder-se, agarrar-se, fazer birras ou tentar evitar um ambiente ou evento stressante.

Por vezes os pais cometem o erro de tentar argumentar e criar grandes discurso acerca da situação ou até desvalorizar as suas reações, ou até mesmo interpretar o comportamento da criança como desafiador (ex a criança que desata a correr para fora da sala) e chegar mesmo a castigá-la, mesmo com a melhor das atenções, com coisas  como “tenta acalmar-te”, “não chores” etc.

No entanto, a investigação demonstra que é extremamente difícil (se não impossível) para os cérebros das crianças serem capazes de pensarem com lógica ou mesmo controlar o seu comportamento enquanto estiverem sob o efeito da resposta de luta ou fuga.

Aqui estão 4 dicas:

Como sempre baseadas na ciência, para que os pais possam  ajudar de forma gentil e respeitadora as crianças a acalmarem-se, recuperarem a sensação de segurança e gerirem a ansiedade.

Estimular o nervo vago 

Isso vai ajudar a passar a informação ao cérebro do seu filho de que “ele não está a ser atacado” e assim interromper o modo de luta ou fuga em que o cérebro está preso. Como? Mascando uma chiclete, cantando, respirando devagarinho ou dando a si próprio um abracinho bem apertado (o toque físico liberta ocitocina, uma hormona associada ao bem-estar e que reduz também o cortisol, a hormona do stress). Um longo abraço pode ajudar a confortar uma criança ansiosa no momento e restabelecer a sensação de calma.

Respirar

Quando as crianças estão ansiosas, elas tendem a respirar de forma muito ofegante, superficialmente, diretamente do peito. Respirar mais devagar e profundamente (do abdômen ou diafragma) ajuda a  relaxar. Como? Fazendo bolinhas de sabão ou utilizando a técnica da flor e da vela (cheirar uma flor e soprar a ponta dos dedos a fazer de conta que são velas de aniversário).

Focar 

Os pais podem ajudar as crianças a olharem para uma coisa, ouvirem uma coisa ou pensarem na coisa, já que o relaxamento pode ser alcançado através do foco da atenção. Como? Pedindo à criança que pense num lugar feliz e depois que descreva esse local com o máximo de pormenor, ou que conte, por exemplo, os livros na estante, ou as bolinhas do desenho do papel de parede.

Mexer-se 

O exercício diário pode ajudar a reduzir a resposta física do corpo à ansiedade, não só no momento em que se está a fazer o exercício mas mesmo depois. Como? Fazendo, por exemplo, uma corrida de obstáculos, já que não podemos sair de casa. Ou subir e descer as escadas 10 vezes, pegar na mochila às costas e andar a correr pela casa ou até saltar à corda.

E não se esqueça: Cuide-se. Isto é muito importante. Mesmo que as crianças pequenas não sejam diretamente expostas ao stress e trauma, elas absorvem o stress dos mais, velhos incluindo os irmãos mais velhos.

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