O relatório destaca ainda que o setor quase quadruplicou o seu valor durante a pandemia da covid-19, declarada em 11 de março de 2020.
Em dois anos, entre 2019 e 2021, foram distribuídos mais 10,2 mil milhões de doses de vacinas, totalizando 16 mil milhões em 2021. O valor de mercado cresceu 103 mil milhões de dólares (103,04 mil milhões de euros), para um total de 141 mil milhões de dólares (141,06 mil milhões de euros).
Entre as 10 empresas que controlam 80% do setor a nível mundial, oito aumentaram o seu negócio ao produzirem vacinas próprias para a covid-19 ou com licença de outras companhias – Pfizer, Moderna, Instituto Serológico da Índia, Bharat Biotech, AstraZeneca, Haffkine, CNBG (Sinopharm) e Sinovac.
As restantes duas – GSK e Sanofi – são empresas de larga tradição no setor que pesquisaram vacinas para a covid-19, mas não superaram todos os testes clínicos necessários.
O relatório realça que para muitas doenças “apenas dois ou três fabricantes asseguram a maior parte do fornecimento” de vacinas, contribuindo para uma concentração e práticas quase monopolistas que levam “a problemas sanitários e à falta de acesso, especialmente em África e no Médio Oriente”.
A OMS denuncia a falta de interesse em investigar vacinas para doenças que afetam os países menos ricos, como a febre de Lassa ou a infeção pelo vírus Zika, por contraste com o forte investimento em vacinas para a covid-19, que foram produzidas num tempo recorde inferior a um ano (por norma, uma vacina demora 10 anos a ser desenvolvida).
A análise feita pela Organização Mundial da Saúde assinala que a pandemia da covid-19 acentuou muitas desigualdades no acesso às vacinas, uma vez que dos 15 mil milhões de doses administradas desde o início da imunização apenas 12% foram enviadas para os países mais pobres pelo mecanismo de distribuição universal Covax, criado pela OMS e outras agências.
O relatório sublinha que as dinâmicas do mercado livre “não são ótimas” para satisfazer as necessidades de vacinas, pelo que recomenda “uma supervisão governamental da produção e distribuição”, que exige diplomacia e cooperação internacional.
Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado no documento, será necessário “construir um clima mais favorável no campo da propriedade intelectual, com transferência de tecnologia”.
Tedros Adhanom Ghebreyesus advertiu que “os ganhos duramente conquistados pela vacinação durante as duas últimas décadas estão em perigo”, pois “muitas pessoas no mundo não têm acesso às vacinas de que necessitam”.
“Cerca de 20 milhões de bebés carecem de vacinas todos os anos”, enfatizou.
LUSA/HN
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