Instituto Ricardo Jorge desenvolve projeto para controlo de espécie de mosquito vetor invasor Aedes albopictus

17 de Dezembro 2022

O principal objetivo deste projeto é a implementação de um programa de controlo de vetores integrado para proteger a saúde pública, baseado numa nova abordagem de controlo ecológico que não cause impacto no ambiente.

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) encontra-se a desenvolver um projeto de investigação que visa a integração da técnica do inseto estéril (SIT, Sterile Insect Technique) no controlo do mosquito vetor invasor Aedes albopictus em Portugal. O principal objetivo deste projeto é a implementação de um programa de controlo de vetores integrado para proteger a saúde pública, baseado numa nova abordagem de controlo ecológico que não cause impacto no ambiente.

A técnica do inseto estéril consiste na produção de mosquitos machos estéreis por irradiação e posterior libertação na região alvo, para que ao acasalarem com fêmeas selvagens não gerem descendência, levando progressivamente à supressão da população de insetos. Este estudo está a decorrer no Algarve, onde a espécie Ae. albopictus se encontra estabelecida e em disseminação, havendo por isso risco para a circulação de doenças associadas a mosquitos.

Os vírus potencialmente transmitidos por Ae. albopictus poderão ser introduzidos na região e, em condições favoráveis, ter início o ciclo de transmissão com ocorrência de casos de doença na população humana. A implementação atempada de uma gestão integrada de vetores que integre a tecnologia SIT para o controlo de Ae. albopictus reduz o risco associado a doenças, sendo esta abordagem recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Desenvolvido em articulação com os Serviços de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde do Algarve e financiado pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), este projeto permitirá reunir investigação científica com a produção de conhecimento ao desenvolvimento de medidas de Saúde Pública, tendo como base abordagens inovadoras para o controlo de mosquitos vetores e doenças associadas.

Com uma duração prevista de dois anos (2022-2023), este projeto inclui o desenvolvimento de várias atividades, nomeadamente a caracterização da fenologia e distribuição da população de Ae. albopictus, assim como a avaliação da capacidade de dispersão, taxa de sobrevivência e competitividade de machos estéreis irradiados. No âmbito deste trabalho, será ainda realizado um estudo piloto de SIT para a avaliação da aplicabilidade da técnica.

Os mosquitos representam uma ameaça à saúde pública por serem potenciais vetores doença. A espécie Aedes albopictus (mosquito Tigre Asiático) é considerada a principal espécie invasora a nível global, tendo competência para a transmissão de vírus como dengue, chikungunya, encefalite japonesa, Zika ou febre-amarela. Esta espécie foi introduzida na Europa e encontra-se estabelecida em várias regiões, estando associada a surtos de dengue, Zika e chikungunya reportados nos últimos 15 anos.

Em Portugal, esta espécie foi detetada pela primeira vez em 2017 como o resultado de duas introduções independentes, nas regiões Norte e Algarve. Estas populações de Ae. albopictus têm estado sob a monitorização da Rede Nacional de Vigilância de Vetores – REVIVE, um programa do Ministério da Saúde coordenado pelo INSA que tem como objetivos, entre outros, monitorizar a atividade de artrópodes hematófagos e caracterizar as espécies e sua ocorrência sazonal.

INSA/NR/HN

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