“O laboratório de biologia molecular vai reforçar a capacidade de resposta em termos de diagnóstico precoce, diminuição do estágio da doença sintomática e apoiar as decisões terapêuticas mais eficientes, nomeadamente no que se refere ao cancro da mama”, afirmou Ulisses Correia e Silva, no discurso oficial da inauguração dessa nova infraestrutura, localizada no maior hospital do país.
Os dados do registo oncológico do HAN revelam que em Cabo Verde (entre 2019 e 2021) o cancro de mama foi o mais diagnosticado (27,8%) e a maioria dos casos são diagnosticados em estádios avançados, o que compromete a taxa de sobrevivência dos pacientes.
O presidente do HAN, Emadueno Cabral, avançou que só este ano o hospital já registou 48 novos casos de cancro da mama, daí considerar que o país passa a estar reforçado com uma “capacidade avançada” de diagnóstico, que irá também contribuir para a melhoria da qualidade as respostas às doenças oncológicas.
Entre as melhorias, apontou a diminuição dos tempos de espera para obtenção de resultados que anteriormente eram enviados para o exterior, a diminuição de custos do processo de diagnóstico e melhor capacidade para definir tratamento eficiente através de uma caracterização laboratorial.
“Este hospital continua engajado na organização dos seus serviços e na promoção de competências para reforçar a capacidade de reforçar a capacidade de resposta do hospital e do Sistema Nacional de Saúde (SNS) face aos desafios de diagnóstico precoce, do tratamento e dos cuidados prestados aos pacientes com cancro”, garantiu o dirigente, dizendo que o laboratório vai ter uma dupla função, de diagnóstico e de pesquisa.
O primeiro Laboratório de Biologia Molecular de Cabo Verde foi financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian ao abrigo do apoio ao desenvolvimento e consolidação das carreiras científicas de jovens investigadores na área das ciências da saúde nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), em particular no âmbito do projeto liderado pela investigadora cabo-verdiana Pâmela Borges.
Numa mensagem via vídeo, o presidente da Fundação, António Feijó, lembrou que a instituição que dirige tem colaborado com o Ministério da Saúde de Cabo Verde ao nível da formação dos profissionais de saúde e no reforço do equipamento clínico especializado nos dois hospitais centrais, mas também na investigação em saúde.
Para o primeiro-ministro, o laboratório é mais um investimento que vem juntar a outros feitos no maior hospital do país, nomeadamente a reabilitação de equipamentos e serviços de imagiologia, o laboratório de análises clínicas e o banco de urgência.
Durante os últimos três anos, disse que a concentração e foco não foi apenas na pandemia, mas também continuar a fazer todos os trabalhos necessários para ter um SNS à altura das exigências atuais.
Neste sentido, apontou vários outros investimentos para os próximos anos com vista a reforçar o SNS na Praia, como um laboratório de saúde pública, um centro clínico integrado de simulação biomédica, um centro técnico de instalação e manutenção de equipamentos, bem como um novo Hospital Nacional de Cabo Verde, cujo processo deverá arrancar “nos próximos tempos”.
“Apesar da situação muito difícil que o mundo e Cabo Verde vivem, apesar dos impactos muito fortes da pandemia, nós continuamos e temos continuado a investir na saúde como uma grande prioridade”, mostrou Correia e Silva.
Até 2026, o primeiro-ministro apontou como prioridade o reforço e melhoria da atenção primária, reforço da melhoria da atenção hospitalar, implementação do sistema de emergência médica a nível nacional e reforço do investimento na saúde pública e segurança sanitária.
LUSA/HN
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