Fusão de arte, ciência e tecnologia volta a estar em exposição na Fundação Champalimaud

24 de Janeiro 2023

O robô Wingy, que interage com humanos através de inteligência artificial, é uma das novidades da 2.ª edição da ‘Metamersion’, exposição de projetos que fundem arte, ciência e tecnologia que irá decorrer entre quinta-feira e sábado na Champalimaud Warehouse.

O amistoso Wingy, desenvolvido por uma equipa multidisciplinar da Fundação Champalimaud, “é um dispositivo robótico de IA (inteligência artificial) com baixo consumo de energia, capacidade de interação humana por meio de reconhecimento de imagem e fala e síntese de voz e movimento, através da combinação de vários modelos de «deep learning» (aprendizagem vasta)”, indica um comunicado de divulgação do evento.

O ‘Metamersion Latent Spaces’ junta arte, ciência, tecnologia e terapêuticas digitais, permitindo a experiência interativa com o Wingy “vislumbrar os avanços da tecnologia de IA e do seu potencial para uma ampla gama de aplicações nos campos da saúde e do bem-estar”.

A iniciativa é organizada pelos neurocientistas Joe Paton, Zach Mainen e John Krakauer, o primeiro dos quais dirige o programa de neurociências da Fundação Champalimaud, e conta com as participações do coletivo Lunar Ring, da Alemanha, que explora novas formas de criatividade entre humanos e AI, do artista multimédia norte-americano Tupac Martir, do músico português Jonathan Uliel Saldanha e do dançarino e coreógrafo norte-americano William Forsythe, entre outros.

Novidade do ‘Metamersion’ é também a peça ‘Latent space I’, combinando filme, instalação artística e realidade virtual (RV), “que explora a ideia de que a IA pode ser capaz de ajudar as pessoas a crescer e a recuperar mentalmente”.

A obra foi concebida por uma equipa interdisciplinar que inclui cientistas da Fundação Champalimaud, os artistas Tupac Martir e André Gonçalves, o coletivo Lunar Ring e o duo artístico mots, formado por artistas urbanos portugueses.

O programa ‘Latent Space’ apresenta um “conjunto de peças e experiências ligadas aos mais recentes desafios da Fundação Champalimaud, a investigação e reabilitação baseada no conhecimento gerado nas áreas da perceção e do movimento”.

William Forsythe propõe uma instalação, ‘Nowhere and everywhere at the same time’, uma peça com pêndulos de metal suspensos por arames, sendo o público convidado a participar numa coreografia com os objetos inanimados cujos movimentos foram programados.

O dançarino norte-americano participa também com ‘STELLENTSTELLEN FILMS’, um filme que apresenta “uma coreografia onde dois bailarinos combinam os seus corpos numa constelação enlaçada”. O “puzzle ótico e físico em câmara lenta e em tempo real”, designado por Forsythe de “entrelaçamento” (entanglement), “é um híbrido de coreografia, filme e escultura”.

Na exposição na Warehouse (Doca Pesca F, no futuro Ocean Campus), pode-se ainda dialogar com “a inteligência artificial de última geração”, com a troca de imagens, através da instalação ‘Palimpsest’, desenvolvida por uma equipa de neurocientistas da Fundação Champalimaud.

A mostra inclui também o jogo ‘MindPod’, criado para “promover a recuperação das funções motoras e cognitiva”, tendo em conta que “a investigação sugere que as pessoas com lesões e doenças neurológicas beneficiam de intervenções comportamentais frequentes e intensas”.

Já o jogo ‘MindMotion go’ foi concebido para “promover o tipo de movimentos que um doente praticaria normalmente com um fisioterapeuta”. Esta terapia digital baseada no jogo é personalizada de acordo com as necessidades e o progresso de cada indivíduo, dando informações em tempo real sobre a qualidade do movimento. Inclui um dispositivo para treinar a destreza manual.

A empresa de neuroterapia digital MindMaze, e o neurologista/neurocientista John Krakauer desenvolveram estas terapias digitais.

Igualmente em exposição estará a ‘Atavic Florest’, uma instalação imersiva que utiliza o ‘motion tracking’ (acompanhamento do movimento) para que uma máquina tente interpretar o que está a ser visto e sentido, obra dos neurocientistas Gonçalo Guiomar e Zach Mainen, do Lunar Ring e do artista sonoro Jonathan Uliel Saldanha.

O programa inclui ainda mesas-redondas sobre “O processo criativo do Latent Space I” e “O que é IA? Da inteligência natural à inteligência artificial”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Reformas na Saúde Pública: Desafios e Oportunidades Pós-Pandemia

O Professor André Peralta, Subdiretor Geral da Saúde, discursou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde sobre as reformas necessárias na saúde pública portuguesa e europeia após a pandemia de COVID-19. Destacou a importância de aproveitar o momento pós-crise para implementar mudanças graduais, a necessidade de alinhamento com as reformas europeias e os desafios enfrentados pela Direção-Geral da Saúde.

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This