Idosos podem melhorar a memória episódica através da neuroestimulação do cerebelo

30 de Abril 2023

Estudo demonstrou que a estimulação não invasiva do cerebelo direito conduziu a melhorias no desempenho da memória episódica em idosos saudáveis, no final de um programa de intervenção de 12 dias, mas também quatro meses após a intervenção.

O aumento constante da esperança média de vida acarreta desafios significativos para indivíduos, famílias e sociedades em várias dimensões. Estimando-se que até 2050 uma em cada seis pessoas tenha mais de 65 anos, assume cada vez maior importância o estudo sobre o envelhecimento e a sua associação ao declínio cognitivo, às doenças neurodegenerativas e à fragilidade geral.

Tem sido por isso um importante objetivo da investigação em neurociências entender a relação entre o envelhecimento do cérebro e os défices de memória episódica, no sentido de desenvolver intervenções que permitam atenuar o declínio da nossa capacidade de recordar eventos passados autobiográficos (memória episódica) relacionado com a idade.

Com o apoio da Fundação BIAL, a equipa de investigação liderada por Jorge Almeida, investigador da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, publicou o artigo “The cerebellum is causally involved in episodic memory under aging”, na revista científica GeroScience em fevereiro de 2023, que demonstrou que o cerebelo é uma das regiões neuronais causalmente envolvida na memória episódica durante o envelhecimento.

Se no passado o cerebelo era exclusivamente considerado como a base da coordenação motora, controlando por exemplo o nosso equilíbrio e postura, nas últimas décadas estudos comprovaram que esta região cerebral, situada na parte inferior do cérebro, também influencia decisivamente os processos cognitivos e emocionais.

No estudo desenvolvido, a equipa de investigadores de universidades de Portugal, Brasil, EUA e Irão administrou um programa de neuroestimulação de 12 dias no cerebelo direito de 56 idosos saudáveis com idade igual ou superior a 60 anos e comprovou melhorias no seu desempenho de memória episódica que se mantiveram pelo menos quatro meses para além do período de estimulação.

Os resultados demonstraram a relevância causal do cerebelo em processos associados à memória episódica de longo prazo, destacando o seu papel na regulação e manutenção do processamento cognitivo.

De acordo com Jorge Almeida, este trabalho “abre a possibilidade de desenvolver intervenções não farmacológicas para melhorar a fragilidade cognitiva típica da idade e promover melhorias duradouras que, pelo menos, ultrapassem os quatro meses testados no nosso estudo”.

Saiba mais sobre o projeto “Episodic memory enhancement in aging: the role of cognitive training combined with (bilateral) tDCS in the medial-temporal cortex and cerebellum on episodic memory performance in the elderly” aqui.

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