Em declarações à Lusa, Moritz Treeck explicou que o estudo, publicado hoje na revista Cell Host & Microbe, permitiu “identificar as proteínas que o parasita injeta nas células humanas onde vivem” e que têm impedido uma resposta adequada do sistema imunitário.
O Toxoplasma gondii é um dos parasitas com mais sucesso do mundo animal, infetando vários tipos de espécies. Nuns casos, o parasita é tolerado (como sucede com os gatos) e noutros acaba por ter danos graves de saúde.
“O parasita consegue infetar qualquer animal e para sobreviver nesses diferentes elementos o parasita tem de superar o sistema imunológico” de cada espécie, explicou Moritz Treeck.
Após alterações genéticas do parasita, o grupo de investigadores realizou o seu mapa genético e identificou as proteínas que são injetadas nas células humanas.
A partir de agora, será possível, através da identificação das proteínas existentes num paciente, desenvolver métodos mais eficazes de combate à doença, explicou.
O método inovador de mapeamento das proteínas trazidas pelo toxoplasma – o Dual Perturb-Seq – poderá ajudar também no combate a outras doenças em que exista este tipo de relação patogénica entre o parasita e o hospedeiro, como é o caso da salmonela ou a tuberculose.
Este “método requer que possamos modificar geneticamente os parasitas patógenos intracelulares” a estudar, acrescentou o investigador do Instituto Gulbenkian de Ciência.
A equipa de investigador concluiu que o toxoplasma liberte mais de 200 proteínas na célula hospedeira, e a maioria das funções dessas proteínas ainda é desconhecida.
Uma das principais descobertas deste estudo é a identificação de uma proteína, a TgSOS1, que é necessária para alterar uma via chave de sinalização imunológica do hospedeiro.
Esta descoberta salienta o papel fundamental do parasita na reprogramação da transcrição das células hospedeiras durante a infeção e no estabelecimento de uma infeção persistente.
Agora, a equipa de Moritz Treeck vai investigar as proteínas injetadas pelo toxoplasma noutras espécies.
O Wellcome Trust, o Instituto Francis Crick e o Instituto Gulbenkian de Ciência financiaram o desenvolvimento deste projeto.
LUSA/HN
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