Cancro do pâncreas aumenta entre os 40 e os 50 anos

21 de Novembro 2023

O cancro do pâncreas tem registado um aumento de incidência crescente e tem-se verificado um aumento significativo de casos em doentes entre os 40 e os 50 anos.

O cancro do pâncreas, outrora considerado raro, tem registado um aumento de incidência crescente, com uma taxa de incidência estimada em Portugal de 1800 novos casos por ano. Estima-se que, nos próximos anos, seja a segunda causa de morte por cancro no país, com mais de 2000 mortes anuais até 2035, um aumento de 51%.

A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) alerta para a importância do diagnóstico precoce desta neoplasia. As possíveis formas de reverter o diagnóstico tardio e melhorar os resultados envolverão prevenção (mudança no estilo de vida), maior consciencialização da doença e seus sintomas e eventual rastreio de populações-alvo.

Pela sua localização, o cancro do pâncreas é habitualmente difícil de diagnosticar. Os sinais e sintomas são inespecíficos ou inexistentes em fases iniciais, o que explica que, ao diagnóstico, a maioria dos doentes apresentem doença avançada, e apenas 20% sejam candidatos a tratamento cirúrgico. Pode manifestar-se por dor na região superior do abdómen com irradiação para as costas, que agrava após as refeições e na posição de decúbito dorsal. A cor amarelada da pele e urina turva são sintomas mais frequentes nos tumores da cabeça do pâncreas.

Existem vários tipos de tumores, contudo o adenocarcinoma é o tipo de cancro do pâncreas mais frequente (>90%).

A causa do cancro do pâncreas é complexa e multifatorial, estando presentes fatores genéticos e não genéticos. O tabagismo é o principal fator de risco adquirido, seguido da obesidade. O consumo de álcool, sobretudo em doentes com pancreatite crónica, a diabetes mellitus, a ingestão de gorduras (sobretudo de origem animal) e o sedentarismo são outros fatores de risco modificáveis. A história familiar está presente em cerca de 10% dos doentes, contudo menos de 5% dos casos estão associados a síndromes genéticos hereditários.

Em doentes com suspeita de cancro do pâncreas, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética são muitas vezes usadas como exames iniciais, permitindo avaliar a presença de lesões suspeitas, bem como permitir realizar um estadiamento da doença. Em doentes com lesões identificadas, a ecoendoscopia permite confirmar o diagnóstico, através da realização de biópsias, para obtenção de material histológico.

O tratamento deve ser individualizado, tendo em consideração as características do doente e do próprio tumor. O único tratamento curativo é a cirurgia. Na maioria dos doentes, o tratamento passa pela realização de quimioterapia, muitas vezes isoladamente, ou em combinação com radioterapia.

Importa ainda transmitir uma mensagem de esperança relativamente ao cancro do pâncreas, cuja sobrevida tem aumentado de forma consistente nos últimos 5 anos. Na última década assistimos a grandes progressos na investigação molecular do cancro do pâncreas, com a identificação de biomarcadores com potencial relevância diagnóstica e prognóstica e com a reformulação de novos alvos terapêuticos. Os esquemas de quimioterapia disponíveis são cada vez mais eficazes.

A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia lançou uma campanha intitulada “Não deixes para amanhã o que podes saber hoje #sobre o pâncreas” com o objetivo de informar a população sobre este órgão do aparelho digestivo e fornecer conhecimento sobre outras doenças pancreáticas (para além do cancro do pâncreas), cuja incidência tem aumentado significativamente nos últimos anos.

PR/HN

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