IPO de Lisboa diz que farmácia está a realizar mais tratamentos e já tem novo diretor

13 de Dezembro 2023

A presidente do IPO de Lisboa, Eva Falcão, assegurou hoje que a farmácia do instituto tem sido reforçada e está a fazer, em média, mais 12 tratamentos diários, e anunciou a entrada em funções do novo diretor dos Serviços Farmacêuticos.

Eva Falcão foi hoje ouvida na comissão parlamentar de Saúde a pedido do Bloco de Esquerda “sobre a situação de falta de recursos que levou à entrega de escusa de responsabilidades por parte de vários profissionais” e a demissão da diretora dos serviços farmacêuticos do Instituto Português de Oncologia de Lisboa (IPO Lisboa), Rute Varela.

Na audição, Eva Falcão afirmou que “as escusas de responsabilidade, por si só, não afastam a responsabilidade de cada profissional” e que as que foram apresentadas por todos os farmacêuticos “foram de tal maneira genéricas que não é possível, muitas vezes até assacar um problema concreto”.

“Portanto, eu diria que se solidarizaram, provavelmente, com a sua diretora”, adiantou.

Estas afirmações de Eva Falcão foram criticadas por deputados que a acusaram de estar a desvalorizar o alerta dos farmacêuticos que apresentaram escusas de responsabilidade por considerarem não terem recursos necessários para garantir a segurança clínica dos doentes.

Em resposta a estas críticas, a presidente do IPO afirmou que o instituto encarara estas escusas de responsabilidade “como um repto para a melhoria de algumas questões”.

“Estamos a fazê-lo também”, disse.

Segundo a responsável, o IPO conta atualmente com 18 farmacêutico, mais quatro do que no final do ano passado.

“Quer isto dizer que, de facto, a farmácia tem sido reforçada, não há recusas de autorizações de contratações por parte do Conselho de Administração”, assegurou.

Também ouvida na comissão, a diretora dos Serviços Farmacêuticos que se demitiu, Rute Varela, contestou os números divulgados por Eva Falcão.

“Os dados não são corretos. Eu tenho aqui os dados e posso dizer que em 2018 tínhamos 22 farmacêuticos e neste momento temos 23”, afirmou.

Segundo a farmacêutica, a diferença de números tem a ver com a maneira como foram contabilizados: “Havia e ainda há colegas que estão contratados como técnicos superiores e que não foram contabilizados como sendo farmacêuticos”, profissionais que têm de ter um mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas e de estar inscritos na Ordem de Farmacêuticos.

“Temos exatamente o mesmo número de recursos, sendo que a produção não tem nada a ver com o que era”, alertou.

Em 2018, foram preparados 38.529 tratamentos [de quimioterapia] enquanto em agosto de 2023 já tinham sido preparados 29.318, prevendo-se que no final do ano sejam 44.000 tratamentos, estimou Rute Varela.

“Em 2022 preparámos 43.626. Portanto, como poderemos verificar, temos um acréscimo de 6.000 tratamentos de 2018 para 2023, exatamente com os mesmos recursos”, disse, salientando que a complexidade dos tratamentos também é muito maior devido à inovação.

Na sua intervenção, Eva Falcão disse ainda que, após a diretora dos Serviços Farmacêuticos ter pedido a demissão, alegando a falta de recursos, quer materiais como humanos, o IPO lançou “uma manifestação de interesse” para o seu lugar e apresentaram-se quatro candidatos.

“Portanto, o serviço farmacêutico e as suas características, e a forma como trabalha, e o hospital onde trabalha são apelativos e na verdade escolhemos e iniciou funções na passada segunda-feira um novo diretor dos Serviços Farmacêuticos”, avançou.

Questionada sobre a alegada degradação na área de produção de medicamentos citotóxicos, denunciada pelo bastonário da Ordem dos Farmacêuticos em outubro, Eva Falcão disse que, como não se podia parar a atividade, foram feitas “pequenas intervenções”.

Referiu que a situação está a ser colmatada com o aluguer de um contentor altamente especializado, onde irá ser realizada a atividade enquanto estiver a ser reparado “o que há reparar”.

“São investimentos avultados, porque estamos a falar de um investimento de mais 100.000 euros na farmácia”, mas, disse, “é um investimento que é necessário e que vai permitir, obviamente, melhorar as condições”.

LUSA/HN

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