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Dia mundial do ex-fumador
Deixar de fumar é a melhor decisão que uma pessoa fumadora pode tomar. As melhorias no estado de saúde são multidimensionais, desde a saúde mental, física não esquecendo a saúde financeira, a opção para largar o tabaco torna-se uma escolha óbvia.
Um ex-fumador melhora a função cardíaca e respiratória. Tem uma vida sexual mais satisfatória e aumento da fertilidade. Torna o paladar e olfato mais apurado, que permite apreciar melhor o jantar romântico ou o pequeno almoço em família. Em tempos de pandemia Covid-19, onde um dos subtis sintomas pode ser a perda de olfato e paladar, um fumador tenderá a ter mais dificuldade a aperceber-se desta alteração.
Quem faz este caminho, vive em média mais dez anos. Em apenas cinco anos, o risco de cancro da boca e esófago diminui para metade. Igual ao cancro do pulmão ao fim de dez anos. Restantes cancros têm uma evolução semelhante. Nunca é tarde para deixar de fumar, mesmo alguém que o faça já com sessenta anos, ganha potencialmente três anos de vida saudáveis para disfrutar com os seus netos.
Os benefícios não são apenas para o próprio. A família também ganha. Todos anos falecem 1,2 milhões de pessoas por causas atribuíveis ao fumo ambiental. Na idade pediátrica, a exposição ao fumo ambiental é responsável por aumento da doença respiratória, otites e aumento da probabilidade de morte súbita. Filhos de pais fumadores, ficam mais vezes internados por doença respiratória, se ambos os pais forem fumadores, esta diferença aumenta. Sugere que há um gradiente de exposição ao fumo ambiental que aumenta a doença respiratória pediátrica.
Ou seja, fumar prejudica as finanças familiares de três formas complementares. Pelo seu peso no orçamento familiar, facilmente pode atingir valores de centenas de euros por ano, assim como, ao causar absenteísmo tanto direto como na forma indireta pela maior doença dos filhos e consequente perda de rendimento. Sabendo do círculo vicioso de doença-pobreza, o tabaco contribuir para agravar esta situação, tornando a situação mais iníqua quando sabemos que a epidemia do tabaco não se distribui aleatoriamente na população, mas está igualmente relacionada com os determinantes sociais. Pessoas de menos recursos e menos escolaridade fumam mais e têm maior dificuldade em abandonar os hábitos tabágicos.
Outra vantagem menos falada, deixar de fumar melhora também o ambiente. Nestes tempos de urgência climática, deixar de fumar é também contribuir para diminuir o impacto de uma indústria que tem produção agrícola alavancada com agroquímicos, elevados consumos de água e de energia não renovável, abate de área florestal, assim como emissões de carbono e produção de resíduos tóxicos pelas longas cadeias de distribuição globais.
Cerca de 70% dos fumadores desejam deixar. É um bom número que deve ser aproveitado. Precisamos de infraestrutura e recursos humanos para dar resposta a este sério problema de saúde pública. O impacto da pandemia Covid-19 fez aumentar os tempos de espera das consultas. É necessário um esforço adicional tendo em vista uma ambiciosa meta de curto prazo: que os grupos prioritários tenham tempo de espera virtualmente zero. Para isso, será necessário incorporar tecnologia, redefinir os papéis dos profissionais de saúde e explorar outras metodologias, tais como terapias de grupo.
Deixar de fumar é um processo, é normal haver recaídas. Não desanime, o foco deve estar no dia de amanhã sem tabaco e não no retrocesso temporário. Vamos caminhar juntos para um futuro saudável e sem tabaco!
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